Coração missionário
Outro dia eu recebi uma mensagem do irmão Genaro Moreno, missionário neotestamentário que atua na Bolívia, na qual ele demonstrava, entre outras coisas, as suas preocupações com a ação do inimigo no meio da igreja e destacava a importância de nos reunimos para orar tanto por nós, quanto pelos demais. A sua mensagem calorosa fazia reflexões sobre o Encontro de Lideranças Neotestamentárias que havíamos realizado em Campo Grande, MS, no início do mês de maio de 2008. E, a partir de suas importantes considerações passei a meditar em como Deus sabe realmente escolher as pessoas certas para fazer a Sua Obra. De fato, embora muitos sejam chamados, não é mesmo qualquer um o “escolhido”. É preciso que este tenha, realmente, um coração missionário; que seja alguém que esteja disposto a dar a sua vida em favor de seus amigos. Irmão Genaro é um exemplo digno para essa ilustração. Embora já esteja com quase oitenta anos – ele nasceu em 1929 –, traz em seu coração tanto zelo, tanto empenho e tanta vontade, que não conseguimos as palavras adequadas para caracterizá-lo nessa altura da vida. A grande verdade, queridos, é que devemos dar muitas e muitas graças a Deus por Ele ter chamado irmãos como esse, com verdadeiros corações missionários, para lutar contra as hostes espirituais da maldade.
É de destacar que os inimigos de Cristo não cessam um instante sequer de atacar e que, entre seus alvos estão os perdidos, os salvos e a obra missionária.
O ataque aos perdidos, por exemplo, tem como fundamento a conformidade. A cada dia é preciso convencê-los de que tudo está bem e que nada precisa ser mudado. O ataque já começa pelo cumprimento: “tudo bem?” As pessoas são induzidas a dizer que está tudo bem. Ora, queridos, desde quando TUDO está bem nesse mundo tomado pelas guerras, pelas enfermidades, pelas intempéries, pela poluição e tantas e tantas outras calamidades? Nem se precisa dizer que o autor da pergunta não tem tempo e realmente não está interessado em saber a resposta de sua pergunta. Ele é um agente indireto do adversário e quer apenas induzir à resposta mentirosa. Quer que a pessoa diga que está TUDO BEM. Às vezes até se ouve uma explicação complementar: “É..., a gente tem que dizer que está tudo bem”. Isso é outra mentira! Ninguém tem que dizer que está tudo bem, quando não está. Devemos dizer a verdade, como por exemplo: “estamos caminhando para isso”. Cada um deve deixar a mentira e falar a verdade ao seu próximo.
A intenção do adversário é desfocar. Induzir a pessoa a não ver o óbvio, o que salta à vista. E ele consegue. A disseminação de mentiras como a do “tudo bem”, do “é tudo igual”, “é tudo a mesma coisa”, “isso não tem jeito” e tantas outras é uma estratégia vitoriosa que tem mantido milhares de pessoas atadas às cadeias da miséria, do sofrimento e do inferno. O pior cego é o que não quer ver. Eles têm olhos, mas não vêem. O escritor José Saramago acrescenta: “o pior cego é o que enxerga e não vê ou sente”.
Já o ataque aos salvos e à obra missionária é centrado na impotência. O inimigo tenta mostrar que os objetivos perseguidos por estes jamais serão alcançados. E que se tem nesse caso apenas uma perda do tempo, o qual poderia ser melhor utilizado para fazer coisas mais proveitosas e interessantes, como por exemplo, desfrutar dos prazeres dessa vida.
Os inimigos desejam que nos ocupemos com outros interesses para que desviemos os nossos olhos do alvo principal. E, infelizmente, conseguem vitórias. Quantas vezes tiramos a nossa vista de Cristo e olhamos, como Pedro naqueles dias, para o mar revolto ou para os rostos enfurecidos que nos cercam e então começamos a afundar e até a dizer coisas incompreensíveis para um servo de Deus!
Não são poucas as vezes em que nos sentimos impotentes, pequenos e insignificantes diante da magnitude da missão que estamos buscando desempenhar. Nesses momentos somos tentados a "deixar pra lá" a obra, porque, na verdade, "não conseguiremos vencer". É muita coisa para se fazer e "nós somos tão poucos". Noutras vezes nos sentimos cheios de si e chegamos a pensar que não precisamos de mais ninguém e que sozinhos poderemos fazer a obra. Isso também é "semente maligna" plantada em nossos corações.
Na verdade, queridos, nós estamos sendo bem sucedidos, por que a salvação não está reservada para todos. As moradas que Jesus foi preparar no céu não são para todos. O reino dos céus é para os “escolhidos”. É de destacar que Deus nos escolheu antes da fundação do mundo. Escolheu a nós e também a outros, muitos dos quais ainda não conhecemos, mas não escolheu a todos. Então, a nossa missão não é buscar a todos, mas apenas àqueles que Deus mesmo já escolheu e já chamou. Como Paulo, eles estão esperando a chegada de Ananias para impor-lhes as mãos, a fim de que possam recuperar a sua visão natural, e então possam ver Jesus, o Senhor da salvação.
Há uma verdade na estratégia adversária: jamais conseguiremos salvar a todos, mesmo que, em essência, esse seja o desejo de Deus, o qual não quer que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Mas isso realmente não acontecerá. Embora todos sejam chamados, muitos não se arrependerão, poucos entrarão pela porta estreita, poucos seguirão pelo caminho apertado, poucos demandarão esforços para entrar no reino dos céus e poucos serão escolhidos. Lamentavelmente, muitos irão para o inferno, como nos dias de Sodoma e Gomorra. Essa é uma verdade. Mas não é essa a verdade que nos orienta.
O coração missionário está em busca de “uma pessoa” em especial. Uma pessoa que foi escolhida por Deus para servir a Jesus. Uma ovelha perdida que está fora do aprisco e que tem a vocação para voltar a ele. De forma que não estamos buscando “os muitos perdidos” e sim “os poucos escolhidos”. Nesse sentido é melhor ter a igreja quase vazia, do que tê-la quase cheia. É mais provável que “os poucos” estejam nessas igrejas quase vazias do que naquelas quase cheias ou muito cheias. O espírito da obra missionária está voltado para a qualidade. Não perseguimos grandes números, mas qualidade. Deus está em busca de verdadeiros adoradores e não de quantidade.
Portanto, queridos, continuemos animados. Não tenhamos receio de ser uma igreja pequenina, com poucos membros, porque Jesus disse que estaria no meio de dois ou três reunidos em seu nome. Além disso, o Apocalipse nos mostra que Jesus está do lado de fora de muitas igrejas “cheias” e abastadas e que dizem não precisar de mais nada, como a igreja de Laodicéia.
O coração missionário não busca uma multidão. O seu amor é especial. Ele deixa todas as demais ovelhas e sai em busca de uma que está perdida. Ele busca os perdidos de um em um, enquanto durar a sua vida.
Nesse sentido, podemos ter certeza de que, se cada um de nós for capaz de encontrar a sua ovelha perdida, com certeza, haverá de ouvir o “bem-vindo” de Jesus no dia do acerto de contas, ocasião em que também deverá ser chamado de “servo bom e fiel”, quando receberá as suas coroas de recompensa. Tem um coração missionário aquele que está atrás de uma das ovelhas perdidas que estão fora do aprisco.
Que Deus abençoe a todos, mas, em especial, peço hoje a bênção para aqueles que têm um coração missionário, como nosso irmão Genaro Moreno, o qual, apesar da idade, ainda está ativo no campo boliviano.
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Fundamentos bíblicos: 1) Orar pelos outros: Tg 5:16, 1 Ts 5:17; 2 Tm 1:3; 2) Chamados e escolhidos: Mt 7:13-14; 20:16; 22:14; Rm 1:6; 8:28; 1 Co 1:2, 9, 24, 26; 3) Ação inimiga: Gn 3:1-5; Is 14:12; Rm 1:13; 2 Co 11:44; Ef 6:12; 2 Ts 2:9; 4) Foco missionário: Lc 15:4-7; Jo 10:16; Sl 119:176; 5) Cegos espirituais: Mt 15:12-14; 23:23-26; Mc 10:46-52; 2 Pe 1:3-11; 6) Alvo: Mt 25:14-30; 1 Co 4:16; Ef 5:1; Fp 3:14, 17; Hb 6:12; 12:1-2;
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 16/07/2008