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O fim da fome
“Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, jamais terá fome; e o que crê em mim, jamais terá sede” (Jo 6:35). Que Deus abençoe esta Palavra.
A fome é uma das coisas mais duras de se passar. O nosso corpo precisa ser alimentado diariamente para que possamos sobreviver. Deus não criou ninguém para passar fome. Antes que criasse o homem, Ele já tomara as providências acerca dos alimentos. Nós encontramos em Gn 1:29-30 e 2:16,  os relatos sobre as providências divina a respeito da alimentação dos seres humanos. A situação do homem edênico era realmente uma maravilha, com mesa farta e abundante, além de um cenário repleto de plantas lindíssimas e “agradáveis à vista” (Gn 2:9). E o homem vivia em um clima de férias permanentes. No meio de tanta fartura, nem se cogitava que um dia o homem viesse a passar fome.
Mas veio o pecado e com ele, as suas conseqüências. A terra foi amaldiçoada por causa do pecado do homem. E ao invés de produzir somente alimentos, passou a produzir cardos e abrolhos também.  Os cardos e os abrolhos são plantas espinhosas que ferem e machucam as pessoas. O homem foi condenado a trabalhar arduamente para conseguir o seu alimento. Gn 3:17-19, nos conta essa triste sentença que pesa sobre a humanidade.
Deus, contudo, mesmo tendo o homem pecado contra Ele, sempre se preocupou com o seu bem-estar. Ele não criou ninguém para passar fome. E se os homens passam fome, passam por causa de seu materialismo, porque não são espirituais, porque não têm fé no Criador ou porque sua fé é fraca e muito pequena. Passam fome porque o seu deus é a sua barriga e porque trabalham apenas para dar de comer a si próprio. Não pensam em prover o alimento para outras pessoas. São egoístas. Em Rm 12:13 somos orientados a compartilhar as necessidades dos santos. Se fizermos isso, se compartilharmos mutuamente as nossas necessidades, dificilmente alguém terá privações, principalmente porque já não mais trabalharemos apenas para satisfazer os nossos desejos, mas também os de nossos irmãos. Muitos passam fome porque nós somos omissos nesse ponto. Nós nos preocupamos conosco e os outros que se cuidem. Tem muitas pessoas que dizem “não ter sequer um passarinho para dar de comer”. Isso não é verdade, porque a Palavra de Deus coloca sobre os nossos ombros a responsabilidade com as necessidades dos demais irmãos.  Aqueles que dizem isso, o fazem porque só conseguem ver na horizontal. Ele não tem olhos para o alto. Não conseguem ver Deus como o Senhor de suas vidas. Também não acatam, nem se submetem às orientações da Sua Palavra. Nosso querido irmão Paulo, fala sobre eles com muitas lágrimas, em Fp 3:17-19.
Deus quer que nós sejamos espirituais. Ao discursar para a multidão no Monte das Bem-aventuranças, Jesus foi enfático sobre a luta dos homens por comida. Em Mt 6:25-34, nós temos as recomendações de Nosso Senhor, dizendo que “os gentios é que procuram todas essas coisas”, diz o Mt 6:32. E entenda-se por gentios, aqui, aquelas pessoas sem Deus ou com deuses falsos e artificiais. Jesus não admitia que os filhos de Deus se preocupassem com comida. Ele dizia que o nosso “Pai celeste sabe que [necessitamos] de todas” essas coisas. Quem tem o Deus Todo-Poderoso como Pai, realmente não tem razão alguma para se preocupar com comida. Mas nós nos preocupamos. E como! A nossa fé ainda é muito pequena.
Devemos pedir a Deus para aumentar a nossa fé e aproveitar as oportunidades que Ele nos dá para que isso aconteça. Por outro lado, temos que lembrar aqui sobre a necessidade que o homem tem de trabalhar para se alimentar. A sentença de Deus em Gn 3:17-19 continua: “em fadigas obterás dela (da terra) o sustento durante os dias de tua vida”. E muitos passam fome porque não trabalham. Contrariam, pois, a determinação divina.
Aquele que trabalha, certamente terá o que comer. O Sl 128:2 diz que o homem que teme ao Senhor será feliz e comerá do trabalho de suas mãos. Por outro lado, Paulo diz em 2 Ts 3:10 para aquele que não quer trabalhar, que também não coma. Trabalhar para comer, é a ordem de Deus para o homem. Nós temos muitos casos de pessoas que não param no emprego e que vivem passando necessidade. Nós precisamos de sabedoria para administrar a nossa vida, para que não passemos privações. Nós somos chamados por Deus para ajudar aqueles que têm necessidades, mas também somos chamados a ter responsabilidade conosco e com nossa família. A pessoa que deixa o emprego para ficar desempregada, sem ter nenhuma fonte de renda para sustentar a si mesmo, a sua família e ainda a outras pessoas que venham ter necessidades de sua ajuda, não é uma pessoa muito responsável. Essa pessoa na verdade pode se tornar um sério problema para os seus semelhantes, que terão de dividir o seus alimentos com o desempregado que está passando necessidade.
É muito importante que tenhamos o nosso local de emprego; que estejamos empregados. O bom mesmo seria que fôssemos independentes, que nós fôssemos o patrão, mas como nem sempre isso é possível, que procuremos estar pelo menos empregado de alguém, ganhando um salário, com o qual possamos sustentar-nos a nós, a nossa família e ainda possamos ajudar outras pessoas que possam precisar de nós.
Nos dias do patriarca Jacó, quando José, seu filho, era governador de toda a terra do Egito, veio uma grande fome sobre a terra, conforme registra Gn 41:53-54. E por causa dessa fome, Israel e seu povo foram morar no Egito (Gn 47:4). E ali foram escravizados e castigados com trabalhos além de suas forças (Ex 1:13-14). Então clamaram a Deus por socorro (Ex 2:23-25). E Deus, através de seu servo Moisés, entre muitos sinais e prodígios, tirou-os da servidão no Egito e os conduziu de volta para a terra de Canaã. Mas nessa longa caminhada pelo deserto, as provisões de alimentos se esgotaram e o povo murmurou contra os seus líderes, por causa disso. Em Ex 16:2-3 nós vemos uma multidão de pessoas preocupada com a barriga; uma multidão de pessoas que estava sendo libertada de forma fantástica pelo poder de Deus, agora se levantava contra Ele, reclamando porque não tinham comida e sentindo desejo de estar de novo sob a servidão egípcia, porque lá eles estavam sentados junto às panelas de carne e comiam pão a fartar. E Deus, mais uma vez faz chover a sua graça sobre os homens. Ele manda o maná pela manhã e codornizes pela tarde, para que o povo coma, sacie, encha a barriga e pare de reclamar e de murmurar. Dessa forma, Deus provou mais uma vez ao seu povo, que Ele cuida de todos os detalhes e que não cabe aos homens que lhe servem andar preocupados com comida. O Salmo 78 ilustra todo o materialismo dos homens e o carinho gracioso de Deus. Mostra também a Sua indignação, porque tudo tem limite.
A pessoa que entrega a sua vida nas mãos de Deus, dificilmente passará necessidades. Pode acontecer, mas é muito mais difícil. E se ocorrer de a passar necessidades, certamente será socorrida por aqueles a quem têm ajudado ou mesmo por outros irmãos. Deus proverá a ajuda que nós, cristãos, viermos a precisar, com toda a certeza. Pv 10:3 diz que Deus não deixa o justo passar fome. Mas há uma coisa que Deus exige de nós: que sejamos justos, santos, fiéis aos seus mandamentos e orientações. Um irmão me contou um caso verdadeiro que ocorreu em sua igreja, quando um irmão daquela comunidade veio a passar necessidade. Então a Igreja se reuniu e decidiu devolver a ele todas as suas contribuições, todos os seus dízimos. Isso era possível porque o irmão que cuidada da tesouraria registrava todas as entradas de recursos financeiros que os irmãos entregavam à Igreja, embora não propagasse isso para não tirar a bênção dos irmãos que contribuíam. Assim decidido, falaram para que o necessitado procurasse o tesoureiro e pegasse com ele suas contribuições. O irmão necessitado não foi pegar o dinheiro porque não havia dinheiro para pegar. Aquele irmão era um infiel. Ele não se preocupava com as necessidades dos outros, pensava apenas nas suas. E quando precisou, não teve de onde tirar. E não teve coragem de dizer aos irmãos que ele não tinha contribuído com nada.  Contribuir com os dízimos e as ofertas é o nosso dever. É certo que a Igreja administra muito bem as nossas contribuições. Omitir de contribuir, é desobedecer a Deus.
Creio que o fim da fome está na obediência à Palavra de Deus. Se trabalharmos, se formos firmes em nosso trabalho, se não comermos tudo o que ganhamos, se retirarmos sempre uma parte para o Senhor, mesmo que ganhemos pouco, tenho certeza de que não passaremos necessidades.  Mas, voltemos ao texto inicial e às declarações de Jesus sobre “trabalharmos pela comida que subsiste para a vida eterna” (Jo 6:27). Há muitas pessoas que se tornam crentes pensando em serem ajudadas materialmente pela Igreja. Naqueles dias em que Jesus disse essas palavras, havia uma multidão de pessoas que o seguia. E Jesus lhes dizia que eles o estavam procurando porque tinham comido e se fartado dos pães que Ele multiplicara. Então o Senhor os critica por causa disso e lhes recomenda que trabalhem não pela comida que perece, mas pela comida que subsiste para a vida eterna.
Há uma comida que garante a vida eterna. E quem dela comer nunca mais terá fome. Essa comida é Jesus. Jo 6:35. Qualquer pessoa que desejar obter a vida eterna, precisará se alimentar com o corpo e o sangue de Jesus. Jo 6:53-56.  Os judeus que pensavam com a barriga, não conseguiram entender o que Jesus dissera. Jo 6:52. Não compreendiam a necessidade de se tornarem participantes do corpo e do sangue de Jesus, o qual seria oferecido na cruz, conforme prescrito nas Sagradas Escrituras.  Em 1 Co 11:24, o apostolo Paulo cita as palavras de Jesus, ditas durante a Ceia, quando Jesus tomou o pão, deu graças e o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós.
Jesus ofereceu o seu corpo e o seu sangue para que tivéssemos a vida eterna. Qualquer um que se tornar participante desse corpo tem a vida eterna. Temos essa verdade repetida muitas vezes no capítulo 6 de São João que estamos estudando. É bom reler os versículos 27, 32, 33, 35, 48-51, 53-54, 58. Fiquemos assim com esse ensinamento e que possamos a cada dia nos alimentar cada vez mais de Jesus e cada vez menos de nós mesmos. Jesus disse em Jo 4:34 “a minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra”. Que nós também possamos nos preocupar em buscar essa comida e possamos fazer a vontade de Deus nosso Pai e de Jesus, nosso Senhor e Salvador. Amém!
Poxoréo, 07/01/1996
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 31/07/2008
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