Literatura de Izaias Resplandes
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A Grande Poxoréo
No princípio era uma terra de índio. A Nação Bororo, de cuja estirpe nasceu a heroína Rosa Bororo, dominava a região geográfica do paralelo 16, compreendida no intervalo dos meridianos [54º, 56º] de longitude oeste. O século XX ainda a encontrou uma terra bravia por natureza. Dela, muito pouco se conhecia. Todos temiam aventurar-se pelo território dos famosos “Bororos Coroados”. Datam do final do século XIX as primeiras e arriscadas entradas na região. Desse tempo, destacam-se os bandeirantes Antônio Cândido de Carvalho e João Ayrenas Teixeira, que penetraram na região com a finalidade de explorar o seu potencial agrícola e mineral. Dessas expedições foram colhidas as informações que sustentaram a entrada bem sucedida que se deu na segunda década do século passado, realizada pelo bandeirante e garimpeiro Ayrenas Teixeira. Acreditando nas tendências do obvio, pois no entorno da área já haviam sido localizados importantes veios diamantíferos, principalmente na região confluente do rio das Garças com o Cassununga, ele retornou à região em 1924. Nessa época, os Ribeiros e os Vilelas já haviam se instalado ali, mas somente se dedicavam aos empreendimentos agropastoris. Eles haviam chegado em 1919. Então aconteceu o esperado. Os garimpeiros de Ayrenas encontraram as cobiçadas pedras diamantíferas.
No princípio eram sete chibius. Estava em curso o mês de junho de 1924. As prospectivas não eram infundadas. Havia muita riqueza naquela terra, a ponto de legar à cidade de Poxoréo, que se formaria nas proximidades, o título de Capital do Diamante! Vieram garimpeiros de todos as influências. O caudilhismo também estendeu os seus tentáculos até a região. São Pedro, o primeiro povoado formado, chegou a ter três mil habitantes, antes de ser destruído por um incêndio em 1927. Os sete chibius de junho podem ser considerados como as pedras fundamentais da cidade de Poxoréo. Somente a partir de suas descobertas é que o povoamento da região efetivamente aconteceu. “Esse favor o Brasil deve aos garimpeiros”, como dizia Luiz Sabóia Ribeiro em seu livro “Caçadores de Diamantes” (1959). Assim nasceu Poxoréo. E nesse mesmo embalo, cresceu e se emancipou em 1938, tornando-se um dos municípios mais influentes da época, com um território de 25.509 km2, composto pelos Distritos de paz de Poxoréo, Coronel Ponce, Rondonópolis e Pedra Preta.
E então vieram as emancipações. Os filhos cresceram, se desenvolveram e ganharam o direito de independência. Primeiro foi Rondonópolis (1954). Depois Mutum, que virou Dom Aquino (1958). E, finalmente, a caçulinha Primavera do Leste (1986). Ficamos com Jarudore, Paraíso do Leste, a Sede Poxoréo, Aparecida do Leste e o Alto Coité. Aliás, esse é outro que também já está querendo ganhar o mundo, mas seus irmãos ainda estão discutindo o assunto, achando que ainda não é hora do menino “deixar pai e mãe” e seguir seu destino e que é melhor esperar um pouco mais. Também tenho metido a minha colher de pau nessa história. E antes que alguém venha dizer que eu não tenho nada com isso, gostaria de esclarecer que, na verdade, não sou um poxorense legitimo, apenas adotei a cidade de Poxoréo para ser o meu local privilegiado de labor e para ser o berço e o lar dos meus filhos Ricardo, Mariza e Fernando. Mas, embora seja um torixorino de nascença, sou poxorense de coração e desde 1977, quando aqui cheguei, tenho dedicado minha vida a Poxoréo de forma integral, participando de tudo o que dissesse respeito ao seu progresso e ao seu desenvolvimento. Por isso não me sinto acabrunhado de falar sobre as coisas de Poxoréo, como o caso da emancipação do Alto Coité, por exemplo.
No meu ponto de vista particular, quantos mais forem os que lutarem pelo crescimento, fortalecimento e desenvolvimento da região poxoreana, melhor será para todos nós. Eu não vejo Rondonópolis, Primavera, Alto Coité ou Poxoréo de forma isolada. Para mim, todos esses pequenos territórios foram e continuarão sendo subdivisões administrativas da “Grande Poxoréo”. Todos são partes desse todo. E não se separaram na verdadeira extensão dessa palavra. Nós continuamos umbilicalmente ligados. Nossos deputados federais e senadores são comuns. Eles não são eleitos apenas com os votos de um ou de outro município, mas pelo somatório de todos os nossos votos. E quando eles falam nas tribunas legislativas, eles se declaram representantes dessa região. Cito como exemplo o meu saudoso confrade e nosso ex-deputado Dr. Joaquim Nunes Rocha. Ainda há poucos dias lia um recorte de jornal que falava sobre um discurso que fizera na Tribuna Mato-grossense, reivindicando a abertura das estradas que ligavam Rondonópolis a Guiratinga, Dom Aquino a Poxoréo e Poxoréo a Rondonópolis, alegando que esta era a região que mais se desenvolvia em Mato Grosso. E como estava certo o nosso deputado, as estradas foram abertas e hoje circulam por elas as riquezas de nossa região. São exemplos de luta como esses que precisamos seguir. Ninguém vai a lugar nenhum sozinho. A emancipação é apenas uma desconcentração administrativa e será sempre benéfica enquanto agirmos como um todo e não como partes.
Se o Alto Coité quer crescer, quer se desenvolver e quer também oferecer alguma coisa para a família poxoreana, como vêm fazendo Rondonópolis, Primavera do Leste e Dom Aquino, ao invés de somente continuar recebendo e sendo tratado como uma criança dependente, então a hora é essa, sim. Por isso eu abençôo com as minhas melhores palavras e votos de prosperidade o surgimento do Novo Alto Coité, como mais um companheiro a unir-se àqueles que estão no front das batalhas, laborando e lutando pela melhoria da qualidade de vida nessa região. Com certeza ele seguirá o exemplo de seus irmãos, os quais se tornaram motivos de grande orgulho para a velha mãe Poxoréo, continuando de mãos dadas com os vinte mil poxoreanos de Poxoréo, lutando pelo desenvolvimento e fortalecimento econômico e político da “Grande Poxoréo”. Apesar das “temidas” emancipações, com certeza estamos mais unidos do que nunca.
Diariamente, temos ônibus transitando para Rondonópolis e Primavera do Leste, levando alunos para as boas faculdades que ali se instalaram. Outros passam a semana ali, laborando em seus bem organizados parques industriais, voltando para casa apenas nos finais de semana; outros ainda, vão-e-vem um dia ou outro fazer compras no forte comercio rondonopolitano e primaverense. Tudo vai caminhando segundo as nossas melhores expectativas. E em breve estaremos novamente unidos politicamente sob um só governo, quando em decorrência do nosso crescimento mútuo, em todas as frentes, formarmos um único aglomerado urbano.
Então, pela história e pela origem comum, seremos conhecidos em Mato Grosso como “A Grande Poxoréo”, a exemplo de outros aglomerados que, naturalmente surgirão em todo o interior do Estado, como “A Grande Cáceres”, “A Grande Barra”, entre outros. Continuaremos falando a mesma língua da unidade e do bem comum que nunca deixamos de falar. Então veremos que as emancipações não eram divisões políticas, mas estratégias de combate para que pudéssemos nos desenvolver em todas as frentes e em todos os quadrantes; eram estratégias de um fraco para se tornar um forte.
Não tenhamos medo de botar lenha na fogueira. Quanto maior e mais intenso for o envolvimento das partes, mais cedo veremos o futuro que a prospectiva aponta para “A Grande Poxoréo”. Sonhe, lute e participe dessa idéia. Nosso aglomerado conta com a sua participação.

Izaias Resplandes de Sousa é pedagogo, matemático, gerente de cidades e pós-graduando em Estatística pela UFLA de Lavras, MG. E-mail: respland@uol.com.br.
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 09/08/2008
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