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O choque que salva
O choque é uma técnica de emergência utilizada pelos médicos para provocar uma reação nos músculos do coração e fazê-lo voltar a bater, nos casos de infarto; também é usado contra os ataques de loucura; é instrumento de tortura; e, em alguns casos, pessoas também têm morrido de choque. De um modo geral, pode-se dizer que ele é uma técnica de salvação de pessoas que estão perturbadas, doentes ou até mesmo morrendo. Serve para alterar uma rotina fatal. Atenta contra o comodismo. Provoca uma inquietação. Incomoda. Perturba. Mas também salva.

A Bíblia diz: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55:6). Diz também que “haverá [um] tempo em que [as pessoas] não suportarão a sã doutrina” (2 Tm 4:3). Isso nos conduz a muitas reflexões. O que leva uma pessoa a mudar de atitude em relação a alguma coisa é o incômodo com tal coisa. Ninguém muda quando está satisfeito com o que se passa. É por isso que a mensagem da salvação deve produzir um choque na pessoa que a ouve. Se ela não passar de um “bronze que soa [ou de um] címbalo que retine” (1 Co 13:1), se ela entrar por um ouvido e sair pelo outro, então ela será para o ouvinte, apenas uma semente que “caiu à beira do caminho” (Mt 13:4, 19) e que não lhe possibilita qualquer benefício.

A mensagem deve incomodar o ouvinte. Deve colocá-lo em estado de choque. Certa vez um aluno me perguntou se eu o estava querendo assustar quando falava sobre os destinos da humanidade sem Cristo. Ele estava chocado com as minhas palavras. A minha pregação o estava perturbando. Então eu lhe disse que não queria assustá-lo, queria salvá-lo. Se para chamar a atenção de alguém, temos que gritar, então gritemos. Às vezes temos que fazer isso em sala de aula para despertar os alunos para a realidade e levá-los a compreender a explicação apresentada. Várias vezes tive que fazer isso.

Hoje há tantas vozes, tantos pensamentos, tantas idéias que se chocam que às vezes nem queremos ouvir mais nada. Eu vivo dizendo para as pessoas que “os pássaros nunca deixaram de cantar, nós é que não temos tirado tempo para ouvi-los”. E por causa disso estamos perdendo a oportunidade de apreciar as mais lindas sinfonias já produzidas no universo, porquê ninguém canta tão harmonicamente como os passarinhos. E somente conseguimos descobrir isso quando algo nos faz parar e escutar. A minha esposa Lourdes era minha vizinha em Goiânia. Morava na casa ao lado. Durante anos ela estava lá. E eu conhecia todos os seus irmãos, seus pais, seus tios, mas não a conhecia, embora ela tenha passado muitas vezes sob minhas vistas. Até que aconteceu o “insight”, o clique, o choque. Uma garota que estudava comigo, a Zezé, me disse que tinha uma prima que estava querendo namorar comigo, mas não quis me dizer quem era. Esse foi o choque. Alguém estava interessada em mim e eu nem sabia. Então eu fiquei tentando descobrir quem era essa fada encantada. Passei em revista todas as garotas daquela família, mas não encontrei nenhuma que pudesse ser a minha apaixonada. Foi uma surpresa para mim quando descobri que a minha pretendente era minha vizinha de parede. Eu não sabia explicar porque nunca a tinha visto antes. Então passei a olhá-la, apreciá-la e também me encantei por ela. Namoramos, noivamos e nos casamos.

A mensagem tem que provocar esse “estalo”. É claro que a pessoa precisa estar em condições de ouvir e entender o que se fala. Tem uma propaganda na tv que mostra uma pessoa tentando trocar um celular fantástico com um garotinho de poucos anos e não consegue que ele diga sim, mesmo oferecendo diversas vantagens. Então eles dizem que somente não fazem a troca as pessoas que ainda não sabem fazer contas. Isso é certo. Temos na Bíblia o exemplo de Esdras, uma pessoa que buscou conhecer a lei do Senhor, para colocá-la em prática e para ensiná-la (Es 7:10). E Ne 8:2-3 traz o trabalho de Esdras dizendo que ele “trouxe a Lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres e de todos os que eram capazes de entender o que ouviam. E leu no livro, diante da praça, que está fronteira à Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres e os que podiam entender”.

Ouvir e entender, “eis a questão”. Hb 12:11  nos diz que “toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça”. A mensagem que afronta uma pessoa em relação ao seu comportamento, suas atitudes e coisas semelhantes, provoca uma reação nessa pessoa. Faz ela parar e buscar compreender aquilo que está ouvindo. É nesse momento que Deus consegue estar perto dessa pessoa e pode falar-lhe ao ouvido e ao coração. É nessa hora que ele pode dizer sobre o seu amor incondicional e sobre tudo o mais que ele fez para salvá-la. Então nessa hora a pessoa “cai em si”, reconhece que é um pecador e carece de Deus para salvá-la. Aí, sim, ela consegue entender que Jesus morreu para salvá-la, que ela também foi responsável pela morte de Jesus e que o mínimo que pode fazer agora é dedicar a sua vida à causa dele.

A mensagem precisa ser ouvida. O ouvir vem pelo choque. O choque produz as condições para a compreensão. E a compreensão produz a fé e esta a salvação. Se você tem ficado estarrecido com o seu estado, com a sua condição, não se desespere. Jesus está somente aguardando a sua decisão. “Eis que estou à porta e bato...” (Ap. 3:20). Não pense, não continue indefinido, indeciso. Abra a porta  e receba a sua salvação.

Isaias Resplandes de Sousa é membro da Igreja Neo-Testamentária de Poxoréo, MT.
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 28/08/2008
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