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É pecado amar a mim mesmo?
Ao se referir aos dois grandes mandamentos para o povo de Deus, Jesus disse que o primeiro consiste em amar a Deus sobre tudo e todos e o segundo, amar ao próximo como amamos a nós mesmos.

Mateus 22:34-38. Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

A medida de amor que tenho por mim é a que devo usar em relação ao meu próximo. Se fosse pecado amar a mim mesmo, como Deus me mandaria amar ao meu próximo desse jeito? E como ficaria a regra do discipulado instituída por Jesus no novo mandamento por ele estabelecido aos seus, para que nos amemos mutuamente?

João 13:34-35. Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.

Pecado seria eu amar apenas a mim mesmo, de forma egoísta, desprezando ao meu próximo. Pensar no outro e fazer por ele é a fórmula a ser desenvolvida pelo discípulo para que assim seja considerado. Mas é claro que eu sou o ponto de partida, a medida é o meu amor por mim. Como poderei convencer que gosto de alguém, se nem de mim mesmo eu gosto? Isso seria incompreensível. João escreve algo a respeito dizendo que engana a si mesmo aquele diz amar a Deus, mas odeia ao seu irmão. E explica dizendo que se alguém não é capaz de amar àquele que vê, como pode amar o que não vê?

1 Jo 4:20. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?

O princípio de entendimento é o mesmo. A seqüência correta seria: amar a mim, amar a você, amar a todos, amar a Deus. Não dá para inverter a ordem, nem alterá-la. Uma etapa leva à outra.
Isso parece contraditório com a mensagem de Jesus, quando disse que ninguém teria maior amor do que dar a própria vida pelos seus amigos (Cf. Jo 15:13), principalmente quando Ele critica Pedro contra a autocomiseração.

Mateus:16:22-24. Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.

Mas não e assim. Segundo Hebreus, Jesus sofreu o que sofreu porque tinha em mente um propósito: a alegria de ter ao seu lado todos os que conseguisse salvar.

Hebreus 12:1-2. Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.

Alguém pode dizer que esta idéia diminui o amor de Jesus por nós, sempre colocado como incondicional. Mas não é assim. Ao contrário. Ela enfatiza o amor de Jesus e dá um sentido racional a ele. Um sentido lógico. Se alguém quiser algo, deve estar disposto a pagar o preço. Jesus nos queria e se dispôs a isso. Esse é o sentido do seu amor por nós. Se eu desejo amá-lo, então também devo estar disposto a renunciar a uma parte de meus cômodos em seu favor. Mas não uma mínima parte. E sim, exatamente cinqüenta por cento. Dividir com você o que Deus me deu, de forma que possamos desfrutar do que Deus nos deu em igualdade de condições. Costumo dizer que Deus não me deu a mais para que eu viesse a desfrutar em deleites e prazeres, mas para que eu pudesse compartilhar com o meu próximo, na escala de sucessão: Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins da terra.

Lucas 3:11. Respondeu-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo.
Atos 1:8. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.

Ser testemunha de Jesus é amar conforme Ele nos ensinou. Amar com propósito e não por qualquer motivo. E mais, amar na mesma proporção do amor pessoal. É amar ao próximo como a mim mesmo. Se amasse o próximo mais do que amaria a mim, estaria contrariando a lei de Jesus. Isso sim, seria pecado, pois pecado é a transgressão da lei. As pessoas não conseguiriam passar privações a vida toda. E começar a obra e não continuá-la é insensatez. De forma que Deus nos orienta a fazer apenas o normal. O além do normal Ele já fez para que não precisássemos tentar fazer e, não conseguindo, ficássemos envergonhados.

1 João 3:4. Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.
Lucas 14:28-30. Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar.

Jesus disse que o seu fardo seria leve, o que significava não haver necessidade de sacrifícios. Aliás, ele enfatizou em sua mensagem que queria misericórdia e não sacrifícios, entendendo-se por tais aquilo que está além de normal. É normal eu dar uma túnica, quando tenho duas, mas não dar a única que tenho e ficar nu. É conforme diz o ditado: “não se despe um santo para vestir outro”.

É evidente que devo me esforçar para produzir mais do que aquilo eu preciso. Não para estocar, mas para compartilhar. Se eu deixo de fazer para não ter como ajudar, nisso estou pecando. Se tenho e não ajudo, nisso também eu peco. De forma não é pecado amar a mim mesmo. Pecado é amar apenas a mim e não me importar com os demais. Creio que essa a primeira linha de interpretação em relação ao amor.
É de concluir, portanto, que a regra é amar a mim, amar ao próximo e amar a Deus. Fazendo assim, seremos verdadeiros e não apenas hipócritas faladores. A palavra deve estar em sintonia com a ação. Doutra sorte é apenas falatório inútil que não convence ninguém.
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 13/07/2009
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