As coisas boas não caem do céu. Elas são proporcionadas por Deus, mas devem ser conquistadas pelo interessado. O próprio céu é um presente de Deus mediante conquista, para aqueles que o desejarem e que estiverem dispostos a pagar o preço. Cf. Mt 11:12.

Nesse sentido é de se destacar que há um grande equívoco de interpretação. A Bíblia diz que somos salvos pela graça e que isso não vem de nós, mas é dom de Deus. Cf. Ef 2:8-9.

Sim, de fato! A nossa salvação somente se tornou possível pela ação de Deus em vir ao mundo na pessoa de Jesus e quitar a nossa dívida de pecado. A graça aqui não quer dizer sem preço. Graça é um favor imerecido. Não merecíamos a salvação, mas Deus, por sua misericórdia (o seu grande dom) nos permitiu obtê-la por meio da aceitação do sacrifício de Jesus, ou seja, pelo reconhecimento de que ele morreu em nosso lugar. Mas ela é caríssima. Custou muito. Custou o sangue de Jesus. Cf. Sl 49:8; 1 Co 6:20; Ap 5:9.

Aquele que deseja ser salvo tem que fazer a sua parte. E isso significa muito mais do que simplesmente levantar a mão ou dizer que aceita Jesus quando o convite é feito após a pregação. Esse ato inicial é necessário, mas não basta. Faz-se necessário uma verdadeira conversão. E conversão é mudança de vida. Quando o apóstolo João diz que aqueles que receberam a Jesus, receberam de Deus o poder de serem feitos filhos de Deus, ele disse que tais pessoas se tornariam filhos de Deus, para que tinham potencialidades para se tornarem tais. Isto quer dizer que as portas da possibilidade estavam abertas. Deus tinha dado o sinal verde. Agora caberia a cada qual fazer a sua parte para tornar isso possível. Cf. Jo 1:11-12; 5:24; Rm 10:9-10; 2 Co 5:17; Gl 5:19-21; Ef 4:25-5:5.

Assim, há que se esforçar para entrar pela porta estreita e chegar ao céu. Segundo Jesus, muito desejarão entrar no céu e não conseguirão, apesar de que ele morreu por todas as pessoas, dando a todas elas a possibilidade de entrarem nos céus. Ocorre que, não é pelo simples fato de Jesus ter aberto o caminho para os seus que todos conseguirão percorrê-lo. É certo que quase todos desejarão, mas nem todos estarão dispostos a fazerem a sua parte. Para tais, de nada adiantará Jesus ter pagado a sua dívida de pecado. A conquista do reino dos céus exige um primeiro passo, o qual consiste na aceitação e recebimento de Jesus como Senhor, mas requer um sequência crescente de outros passos para culminar com a vitória final. Cf.  MT. 7:13-14. Lc 13:22-30.

Dar a sucessão crescente de passos requeridos para obter a salvação, todavia, não é tarefa fácil. Que vale a pena, isso vale. Mas não sejamos hipócritas de dizer que é muito fácil ser crente e ser salvo, porque não é. A vida espiritual é estressante, porque ela consiste em uma luta contra a nossa carne, que reclama coisas muito diferentes das espirituais. Cf. Rm 7:14-24; Gl 5:17.

O nosso corpo quer sexo, comida, bebida e outros prazeres semelhantes. Por isso a Bíblia nos alerta contra a concupiscência da carne, dos olhos e a soberba da vida. Cl 3:5; 1 Tm 6:9; 1 Pe 4:3; 1 Jo 2:16.

Nós queremos a salvação, mas o nosso corpo não deseja empregar esforço para consegui-la. É por isso que muitos não irão alcançar esse presente divino e ficarão de fora da cidade santa, nos céus. E não habitarão naquelas moradas que Jesus foi preparar para os vitoriosos, que empregaram esforços e receberam a sua ajuda decisiva. Cf. Jo 14:1-3; Ap 22:15.
É de destacar, messe sentido que, para sermos salvos, carecemos da graça de Deus, de sua ajuda e favor. O apóstolo Paulo queria se livrar de um espinho que tinha na carne e que não sabemos qual é. Pediu a Deus que o livrasse e recebeu dele a seguinte resposta: “a minha graça te basta”! Cf. 2 Co 12:9.

É claro que isso basta. Mas a graça de Deus não é um direito. É um ato que decorre da misericórdia de Deus. Não poderemos exigir nada de Deus, porque nada fizemos para merecer qualquer coisa dele. Mas podemos pedir e é provável que sejamos atendidos. Não porque merecemos, mas porque Ele é bondoso e misericordioso ao extremo. É de observar, nesse sentido, que Ele não apenas nos abriu as portas do céu, mas também nos capacitou com forças para que pudéssemos chegar lá. Portanto, temos que usar essas forças para obter a vitória. As forças dele somadas às nossas nos darão a vitória. Somente seremos vencedores por meio de Cristo Jesus. Não dá para pensar que conseguiremos fazer tudo sozinhos. Temos que fazer a nossa parte, mas sem prescindir da ajuda de Deus. E dia-a-dia nós devemos pedir essa ajuda. Rm 8:37.

Satanás é um adversário perigoso e astuto. Ele usa de todas as artimanhas para nos derrotar. Mas Jesus, por seu turno, intercede por nós e nos ajuda a vencer o estresse dessa batalha espiritual. Ele nos dá o alívio para o espírito e para a alma. Obter essa graça dele é obter o remédio para o mal do século. 1 Pe 5:8; Lc 22:31; Jo 17:15; Ef 6:11-18.

Que sejamos contemplados com a graça de Deus.