O maior de todos os pecados
Pecado é a alteração da ordem estabelecida pela Santíssima Trindade na criação. Essa ordem é a lei que sustenta todas as estruturas da existência, sejam elas de ordem física, sejam de ordem espiritual. Pecado é a transgressão da lei – 1 Jo 3:4.
A lei é una, mas se hierarquiza em milhares de divisões. Em seu lugar mais alto está a Palavra de Deus, dita diretamente por Ele. Essa Palavra é eterna. Diz a Escritura que passará o céu e a terra, porém as palavras de Deus não passarão – Mc 13:31. Deus não é homem para que minta. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. E assim é que sua Palavra é permanente. Se Ele disse que é assim e assim, então assim será – Nm 23:19; Hb 13:8.
A Palavra de Deus é como se fosse a Constituição Federal de um país democrático. É a Lei maior. Abaixo dela vêm as demais leis, as quais devem guardar sintonia e relação direta com ela. Se uma dessas leis chamadas de infraconstitucionais a contraria, se diz que tal lei é inconstitucional e, portanto, deve ser retirada do mundo jurídico.
Assim também é com a Palavra de Deus. Ela está no topo e, abaixo dela, mas também subordinado a ela, nós temos as palavras das autoridades constituídas por Deus. Tanto as temporais, quanto as espirituais. Tais palavras também são leis para o povo. Em um país como o Brasil, por exemplo, os deputados, senadores e vereadores aprovam leis para que eles e o povo cumpram. Os Chefes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário baixam Decretos, Resoluções, Instruções e Portarias. Estes atos também são normativos; são espécies de lei que devem ser acatadas pelo povo. As organizações civis e religiosas têm seus estatutos, os quais são leis para os seus respectivos membros. Os chefes de família também estabelecem regras para as suas casas, tais como hora das refeições, hora de chegar da rua, quem deve estar à mesa, o que se pode fazer na casa etc. Todas as regras são leis que devem ser obedecidas pelos que vivem na casa. Até a vizinhança estabelece regras: não jogue a bola dentro do meu quintal que você vai ficar sem ela – diz o vizinho; coisas desse gênero. Isso também é lei.
Do ponto de vista espiritual, sabemos que Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas e também pelo Filho – Hb 1:1-2. No curso da história humana, Ele usou animais, tais como a jumenta, por meio da qual falou com Balaão – Nm 22. Usou anjos, como Gabriel, que falou com Maria sobre o nascimento de Jesus – Lc 1:38. Usou os apóstolos como intermediários dos fundamentos da Igreja – Ef 2:20. E continua usando os seus servos do tempo presente, como no caso da assistência do Espirito Santo em nossas orações – Rm 8:26; e também nas pregações diante das autoridades – Mc 13:11.
As manifestações divinas são inúmeras. E é clarro que nem todas elas se encontram na Bíblia, principalmente porque além das manifestações diretas de Deus, existem as milhares de manifestações indiretas. Segundo o evangelista João, há muitas outras coisas que Jesus fez que não estão relatadas no Livro Sagrado. Se todas elas fossem relatadas uma por uma – diz ele – creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos – Jo 21:25.
Quanto às falas dos atuais servos de Deus, muitas são leis e muitas não o são. Para saber o que se deve obedecer de tais falas, a Escritura ensina que os irmãos devem julgá-las para saber de que espírito procedem –1 Co 14:29. Tais julgamentos devem ser processados à luz da Palavra Direta de Deus. Ela é a diretriz à qual se subordinam todas as leis do universo físico-espiritual. Assim diz Isaías: À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva – Is 8:20.
É de observar que Deus não admite a deturpação de sua Palavra, ainda que proferida por intermédio de seus profetas. Cf. Dt 13 e18:22. Aquele que for falar em nome de Deus, deve ser cauteloso, se preparar adequadamente. Acima de tudo deve ser muito responsável nessa missão. É de lembrar que, ao final, cada um dará conta de si mesmo diante de Deus – Rm 14:12. E ai daquele que tiver feito a obra relaxadamente – Jr 48:10. Deus é bom, misericordioso, mas também é zeloso e severo. Ele é aquele que ceifa onde onde não semeou – Mt 25:24. Portanto, ai daquele que cair em suas mãos de justiça – Hb 10:31. A Bíblia diz que isso será uma coisa horrível de se ver. Assim, que o homem tenha muita cautela porque haverá de dar conta de todas as palavras que disser, sendo por elas justificado ou condenado – Mt 12:37.
Portanto, não se entenda por lei apenas os livros da Lei, o Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio); nem tampouco apenas o Velho Testamento. A Lei é a Palavra de Deus, direta ou indiretamente proferida. A manifestação direta é literalmente imutável; a indireta está sujeita à qualidade da preparação do profeta e pode haver falhas. Se o povo errar por seguir essa lei, sofrerá as consequências, mas Deus cobrará esse sangue do profeta – Ez 33:6-8. Disso decorre a importância de que o ouvinte julgue pela Palavra de Deus a respeito da autoridade da mensagem proferida. Cada ouvinte deve ser como os crentes de Beréia, verificando se as coisas ditas são de fato como se diz – At 17:11.
Isso posto, devemos concluir que o pecado é a transgressão de todas as manifestações diretas de Deus e de todas as indiretas que estiverem de acordo com as primeiras. Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos os demais pontos – Tg 2:10.
No tocante às consequências, a sentença para cada transgressão tem suas peculiaridades, apesar de todas terem algo em comum: a morte. O salário do pecado é a morte – Rm 3:23. Todavia, há pecado que é para morte e pecado que não é para morte – 1 Jo 5:16-17.
Os pecados que não são para a morte poderão ser perdoados se houver a providência divina em tempo. Nesse caso, aquele que, em tese, deveria estar morto por conta do pecado cometido, poderá ter a sua vida restaurada por Deus. Pela intervenção divina é possível que o morto reviva. Assim disse o Senhor Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá – João 11:25.
Mas, de um modo geral, todos os pecados podem ser considerados como “não para morte”, visto que seus autores podem alcançar a remissão (serem perdoados) ou a remição (serem resgatados). Embora as consequências finais produzam o mesmo efeito, qual seja o de eliminar a dívida, é de observar que a forma da eliminação pode ser pelo perdão ou pela quitação. Quando alguém vem a remitir uma dívida, quer dizer que essa pessoa perdoou a obrigação, ou seja, operou-se a remissão. Se alguém remiu a dívida, quer dizer que pagou ao credor da obrigação ou seja houve a remição da dívida. (REMIR = PAGAR; REMITIR = PERDOAR).
Todavia, há um pecado que não pode nem ser remido e nem tampouco remitido. Trata-se da blasfêmia contra o Espírito Santo. Segundo a Bíblia, aquele que cometer esse pecado jamais obterá o perdão da ofensa, sendo réu do mesmo para todo o sempre. Seu autor será réu de pecado eterno – Mc 3:29.
Esse é o maior de todos os pecados. Mas é preciso entender bem o que o texto sagrado diz, a fim de não se praticar uma deturpação da Palavra.
É de se ver que a capacidade de Deus para perdoar é ilimitada. Se houver arrependimento sincero, ao confessarmos os nossos pecados – qualquer deles –, Ele é fiel e justo para nos perdoar – 1 Jo 1:9. Ele disse que seríamos perdoados e reviveríamos, caso nos convertêssemos de nossos pecados, de nossos maus caminhos – Ez 18:4, 32. Portanto, isso é lei. Se ocorrer a mudança verdadeira em nosso coração, Deus cancelará a nossa dívida, seja considerando o resgate feito pelo Seu Filho, seja considerando o perdão feito em nome de Jesus.
A questão é que existem pessoas com cegueira eterna. O mal está arraigado de tal maneira em suas vidas que elas jamais conseguirão ver a luz, a verdadeira luz que ilumina o homem – Jo 1:9. Desse modo, jamais aceitarão as explicações de convencimento do pecado, da justiça e do juízo feitas pelo Espírito Santo. Jamais se considerarão pecadoras. Sempre se acharão melhores do que os outros; sempre acharão que não têm de que se arrepender; entenderão que Deus não lhes poderá negar o céu e que será obrigado a recebê-las lá se também vier a receber os “crentes”, porque elas se consideram melhores do que estes; elas jamais acreditarão que haverá um castigo eterno; em suma, elas verão os milagres da transformação de pessoas ruins em pessoas boas, mas não acreditarão que isso seja obra do Espírito Santo; insistirão em dizer que isso resultou de esforço próprio, de força de vontade pessoal e coisas assim. Tais pessoas insistirão em assumir o lugar de Deus, cujo poder se manifesta por meio do Espírito Santo, não dando a Ele o lugar de honra em suas vidas. Elas nunca dobrarão os seus joêlhos espontanemente. Essa é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Portanto, no dia do juízo haverão se sofrer as consequências de sua eterna rebeldia, quando serão condenadas juntamente com todos os anjos rebeldes liderados por Santanás a passarem a eternidade no Lago que arde com fogo e enxofre, a saber a segunda morte – Ap. 20:10; 14-15.
De forma que o maior de todos os pecados consiste em não dar ao Senhor o lugar que lhe é devido na organização universal. Deus, seja na pessoa do Pai, ou do Filho ou do Espírito Santo está acima de tudo e de todos, sustentando a criação. Deus é o Altíssimo e acima dele não existe outro – Sl 92:8; Jó 12. Quando alguém altera essa ordem, comete loucuras, das quais deve se arrepender e corrigir o seu erro, porque o Todo Poderoso não admite concorrência. Ele diz: Eu sou o SENHOR, teu Deus... Não terás outros deuses diante de mim... Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem – Ex 20:2-5.
Esse foi o grande pecado que todos nós cometemos: não colocamos Deus no lugar de honra em nossas vidas; não lhe reconhecemos a divindidade, a soberania, o poder. Não lhe demos a honra de ser o Senhor de nossas vidas – Rm 1:21. Durante um tempo, andamos conforme o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, segundo o espírito que agora atua nos filhos da desobediência. Naquele tempo fazíamos a nossa própria vontade, de corpo, alma e espírito – Ef 2:2-3. Nós éramos o nosso próprio deus. Fazíamos o que queríamos. Dizíamos: eu faço o que eu quero e ninguém tem nada com isso! Esse é o grande pecado, do qual todo homem precisa se arrepender para ser salvo e do qual muitos não conseguirão, tal é o grau de endurecimento de seu coração.
Quem manda é Deus, porque não há ninguém maior do que Ele – Jó 33:12. Essa é a verdade. Comete pecado gravíssimo aquele que pretende ser igual a Deus, semelhante a Ele. Isso foi o que ocorreu com Lúcifer – Is 14. Isso foi o que ocorreu com Nabucidonosor – Dn 5. A situação deles poderia ser diferente, caso tiveessem se arrependido. Todavia, a corrupção de Lúcifer foi tão grande, que o arrependimento sequer foi cogitado. Ele, então foi derribado do céu por pretender ser semelhante ao Altíssimo. Nabucodonosor recebeu reino, grandeza, glória e majestade da parte de Deus, mas quando o seu coração se exaltou, e o seu espírito se endureceu em soberba, foi derrubado do seu trono real, e passou dele a sua glória. E foi tirado dentre os filhos dos homens, e o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; fizeram-no comer a erva como os bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem quer constitui sobre ele. Aprendeu a lição e foi restaurado. No caso dele, houve perdão. No caso de Lúcifer, não haverá. Todavia, repita-se: o perdão só não ocorrerá porque ele não é capaz de se arrepender e não porque Deus não seja capaz de perdoar.
É de relembrar que a Palavra de Deus é a Lei suprema. E ela diz que o arrependido terá sua vida restaurada e seus pecados não serão mais lembrados – Is 43:25. E essa Plavra será cumprida til por til, ponto por ponto – Lc 16:17; Mt 5:18. De forma que se voltarmos atrás e reconhecermos o nosso lugar na criação, colocando Deus, na pessoa do Filho, a quem o Pai entregou o comando de todas as coisas, tanto no céu quanto na Terra, nós poderemos ter a nossa vida restaurada.
Essa seria a maior decisão de todas as que podemos tomar em nossa vida. Portanto, amado, para combater o maior de todos os pecados, que possamos tomar a maior de todas as decisões. Que toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai – Fp 2:11. Porque, se com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo – Rm 10:9.
Viva o Senhor Jesus! Viva! Viva! Viva!
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 19/12/2010
Alterado em 13/09/2014