A responsabilidade social do cristão
"Hoje eu estou me sentindo sem importância!". "Cuide de sua vida!". Essas foram as duas frases que mais tiveram impacto sobre mim durante esta semana. A primeira, eu ouvi de um aluno na escola onde trabalho. A segunda, li no feed de notícias de uma amiga muito especial, no facebook. Ambas atacaram diretamente a minha responsabilidade social e me fizeram lembrar que eu tenho um compromisso pessoal com Deus de estar cuidando de toda a sua criação, principalmente das pessoas mais próximas de mim. Essas frases também me fizeram lembrar da história de Caim, lá no começo do mundo, quando, por despeito matara seu irmão Abel, registrada em Gn 4:3-16 .
Diz o texto sagrado:
E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta.
Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.
E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?
E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.
Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.
Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar, me matará.
O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.
E saiu Caim de diante da face do Senhor.
Quantos ensinamentos esse texto nos traz! Em primeiro lugar ele nos mostra que não existe ninguém sem importância para Deus. Ele está atento a tudo o que nós fazemos. E para cada um dos passos que dermos em nossa caminhada pela vida ele tem uma Palavra para nos dizer se estamos certos ou se precisamos reorientar a nossa direção. Quem tem olhos para ver, veja! Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça! Deus jamais nos abandonou e até o último momento de nossa vida antes do julgamento final estará pronto para interceder por nós, nos perdoar de nossos erros e salvar-nos da perdição.
O apóstolo João escreveu em 1 Jo 2:1 o seguinte:
Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
Não importa a dimensão dos nossos erros. Deus ama a cada um de nós, não tem prazer na morte de ninguém. E seu desejo é que todos cheguem ao pleno conhecimento das consequências de cada ato que pratica, que se arrependam de seus erros e que convertam seus caminhos às orientações de sua Palavra, a fim de que possam ser salvos. “Portanto, convertei-vos e vivei”, diz Ele em Ez 18:32.
Ainda que seu erro seja parecido com o de Caim, o qual tirou a vida de seu irmão Abel, ainda que seja pior do que isso, Deus está pronto para interceder em seu favor, caso você se arrependa do que tiver feito e tenha o desejo de ser ajudado. O seu desejo de amar não escolhe um ou outro. O Senhor ama a todos de igual modo. Nós até poderemos fazer distinção, tratando uns de um jeito e outros de outro jeito. Mas o Senhor, não! Ele não faz acepção de pessoas (Rm 2:11).
E cada um de nós, meus queridos... Cada um de nós é a mão estendida de Deus para o seu próximo. Não fomos resgatados por Deus para vivermos a vida em deleites e prazeres. Todos os que já foram salvos, eis que também foram enviados ao mundo para serem mãos do socorro divino àqueles que têm necessidades, não importando quem sejam, porque o amor de Deus é como um imenso guarda-chuva que se abre sobre todos, sejam bons, sejam maus.
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! (Mt 23:37).
Meus queridos... Deus nunca nos deixou na condição de órfãos. Ele sempre cuidou para que cada um de nós tivesse o amparo de alguém e somente aqueles que são totalmente rebeldes não desfrutam do amor de alguém.
Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; somente os rebeldes habitam em terra seca (Sl 68:6).
Ele é um pastor bondoso que cuida de suas ovelhas. É mesmo como diz o salmista Davi: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará!” (Sl 23:1). E cada um daqueles que já foram resgatados, seja eu, seja você ou seja qualquer outro, não foi salvo para ficar impotente diante daquele que precisa do socorro divino.
Jesus veio ao mundo como a providência divina para a salvação de todo aquele que tendo cometido erros, reconheça o seu estado, creia em Deus, creia que Ele pode ajudar, creia que Ele deseja resgatar e aceite a sua mão estendida através de um de seus discípulos. Ainda que você ande pelo vale da sombra da morte, o Senhor te ama e vem em teu auxílio. Se uma de suas ovelhas se desgarra do rebanho, uma só que seja... Ele deixa as demais protegidas em lugar seguro e sai em busca daquela que se perdeu, porque nenhuma é menos importante e menos amada do que as demais, qualquer que seja o seu estado. Foi assim que ele fez comigo quando eu vagava pelo mundo sem saber para onde estava indo.
O Senhor me encontrou, me colocou em seus ombros e me levou de volta para a sombra protetora de suas asas. Foi assim também que Ele fez com o povo de Israel, a descendência de Jacó, de Isaque e de Abraão. É maravilhoso o relato que Moisés faz desse resgate espetacular, em Dt 32:7-14 (NVI). Diz ele aos israelitas:
“Lembrem-se dos dias do passado; considerem as gerações há muito passadas. Perguntem aos seus pais, e estes lhes contarão, aos seus líderes, e eles lhes explicarão. Quando o Altíssimo deu às nações a sua herança, quando dividiu toda a humanidade, estabeleceu fronteiras para os povos de acordo com o número dos filhos de Israel. Pois o povo preferido do Senhor é este povo, Jacó é a herança que lhe coube. Numa terra deserta ele o encontrou, numa região árida e de ventos uivantes. Ele o protegeu e dele cuidou; guardou-o como a menina dos seus olhos, como a águia que desperta a sua ninhada, paira sobre os seus filhotes, e depois estende as asas para apanhá-los, levando-os sobre elas. O Senhor sozinho o levou; nenhum deus estrangeiro o ajudou. Ele o fez cavalgar nos lugares altos da terra e o alimentou com o fruto dos campos. Ele o nutriu com mel tirado da rocha, e com óleo extraído do penhasco pedregoso, com coalhada e leite do gado e do rebanho, e com cordeiros e bodes cevados; com os melhores carneiros de Basã e com as mais excelentes sementes de trigo. Você bebeu o espumoso sangue das uvas.”.
Esse é o Deus a quem servimos. Ele nos tem ensinado a cuidar não apenas de nossas vidas, mas também das vidas de todos aqueles que foram colocados ao nosso redor. Nós não estamos no mundo por estar. Cada um de nós tem uma missão divina a realizar, uma missão que não tem como objeto nossa própria vida. A nossa missão é ser instrumento divino no resgate dos necessitados. É uma missão de amor, de bondade e de misericórdia.
Hoje, meus queridos, nós sabemos e conhecemos o verdadeiro amor.
“O verdadeiro amor....”
Sim, nós conhecemos o verdadeiro amor. Hoje nós também sabemos amar. Todavia, nós somente amamos porque Deus nos amou primeiro e nos transformou para que nós também pudéssemos amar. Aquele que ama, cuida do objeto de seu amor. Não busca apenas os próprios interesses, mas os interesses de seu próximo.
Caim perguntou: “Porventura sou eu o guardador de meu irmão?” E a resposta é sim! Sim, meus queridos! Cada um de nós tem a responsabilidade de cuidar de seu companheiro. Não devemos nos isolar dos demais. Deus quer nos ver juntos, caminhando um ao lado do outro, “porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante” (Ec 4:10).
Deus não faz nada inútil. Todos os seus atos têm razão de ser. Sejam eles de aprovação, sejam de rejeição de nossos atos... Seja quando nos diz “muito bem, servo bom e fiel!”, ou quando diz “mau e negligente servo!” Tanto em uma, quanto na outra situação, Ele é o Pai de toda a criação e Ele ama tudo o que criou. Com seus atos explícitos ou não, Deus quer nos ensinar pelo seu exemplo.
“Eu vos dei o exemplo”, diz Jesus em Jo 13:15.
Quando Deus deixou claro para Caim que não se agradara de sua oferta “do fruto da terra”, Ele quis dizer-lhe que, como oferta de agradecimento ao Deus que tudo faz por nós, devemos oferecer-lhe os primeiros e melhores frutos de nossa produção e não “uma oferta” qualquer. Aquele que te abençoou com tanta fartura, com certeza deve merecer o melhor de sua produção. Foi assim que fez Abel. Ele não retirou “uma oferta” de seu rebanho. Ele “trouxe dos primogênitos de suas ovelhas”. Ainda que muitos entendam que a oferta de Caim foi rejeitada porque não envolvia o sacrifício, entendo que não foi por essa causa, mas sim porque foi apenas “uma oferta” qualquer. E a de Abel foi aceita porque foi uma oferta especial, retirada das primícias de seu rebanho. Esse é o entendimento que está de acordo com Dt 18:4, onde Moisés leciona:
“Dar-lhe-ás as primícias do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e as primícias da tosquia das tuas ovelhas”.
E também em Nm 15:21, quando diz:
“Das primícias das vossas massas dareis ao Senhor oferta alçada nas vossas gerações”.
Caim deveria ter aprendido a lição exemplificada por Deus, mas não o fez. Ao invés disso, ressentiu-se contra seu irmão Abel e o matou.
No início dessa mensagem citei a frase de um aluno me mandou “cuidar da minha vida”. Ele me disse isso quando lhe cobrei a realização dos exercícios que tinha passado e que ele não estava fazendo. Na ocasião perguntei-lhe porque não estava fazendo e ele me disse que não estava se “sentindo bem”. Então disse-lhe que fosse para casa se cuidar, mas ele recusou e continuou inerte. Preocupado com o que pudesse estar acontecendo com ele, chamei a minha Coordenadora e pedi-lhe que o ajudasse. E quando ela veio procurá-lo para ajudar, ele virou para mim e perguntou: “eu pedi para você falar com a Coordenadora?” Então lhe disse: “eu fiquei preocupado, porque você me disse que não estava bem”. E ele: “E o que você tem com isso? Cuide de sua vida!” E minha Coordenadora que tudo ouviu, disse-lhe: “é claro que ele tem de se incomodar com você. Ele é seu professor!”
É claro que eu tenho que me preocupar com meus alunos. Eu tenho que ser exemplo para eles. Eu quero que eles acertem os caminhos da vida, que não errem, ou que errem o mínimo possível. Eu sei que terei de prestar contas a Deus por meus atos diante deles. A Bíblia me orienta nesse sentido e ela para mim é a Palavra inspirada de Deus. Tiago diz na sua carta:
“Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor” (Tg 3:1, NVI).
Dia a dia eu sofro pelas dificuldades de meus alunos. Tento alternar os caminhos para ajudá-los a chegar ao prazer da descoberta e da apropriação do conhecimento. E digo isso não apenas no que se refere aos meus alunos de escola, mas a todas aqueles de quem me aproximo com o propósito de ensinar alguma coisa, como nesse momento, por exemplo, em que tento ajudá-lo a compreender que cada cristão tem uma responsabilidade social com o seu próximo, responsabilidade essa, no sentido de assegurar a sua inclusão no Reino de Deus.
Esse é o propósito dessa mensagem. Não faço por dinheiro, não faço pela recompensa que Deus promete aos que fazem a sua obra, mas faço por amor sincero ao ser humano, meu semelhante e meu próximo, ao qual aprendi a amar com o nosso Deus, que a todos nós ama de verdade, provando isso, enviando ao mundo o Seu Filho Jesus, o Deus Unigênito, para sofrer o castigo que pesava sobre nós, em nosso lugar, fazendo isso quando nós ainda éramos pecadores (Jo 1:18, 3:16; Rm 5:8).
É fácil perceber quando o pecado entra no coração de uma pessoa. Ela tem o comportamento de Caim: fica irada, descai o semblante e está pronta para fazer o mal. A mesma coisa que Deus disse para Caim, Ele inspirou Moisés a dizer para nós em Gn 4:7, ipsis verbis:
“Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar”.
Meus queridos... ao encerrar essa mensagem espero ter alcançado a sua mente no que tange ao entendimento que pretendi expor-lhe; e ao seu coração, no que diz respeito à aceitação e incorporação dessas palavras em sua vida.
Eu quero dizer a você que não apenas eu, mas ao seu redor, bem perto de você, com certeza existe alguém que te ama, que se preocupa com você e que deseja ajudá-lo a reordenar o rumo de sua vida. Há caminho que ao homem parece direito, parece bom, mas que acabam sendo caminho de morte. Pode ser que você, como Caim naquele dia em que fez mal ao seu irmão, esteja afastado de Deus, andando por caminhos que o levam para longe do lar paterno.
Eu quero dizer a você que além do caminho da morte existe o caminho da vida, que poderá levá-lo para uma significativa transformação em sua vida pessoal. E ao final, poderá conduzi-lo ao reino de Deus. Esse Caminho para a Vida é Jesus. Ele mesmo disse isso quando veio ao mundo: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vai ao Pai, senão por mim”. (Jo 14:6). Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais Ele fará (Sl 37:5).
Que Deus em Cristo abençoe a todos nós. Amém!
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 13/09/2014