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O VALOR DA VERDADE COMO PRINCÍPIO MORAL DO CRISTÃO
Sempre que se fala em resgate, pressupõe-se que tenha havido a perda de algo essencial. Esse é o caso. A corrupção de qualidades consagradas como a verdade, a honestidade, a sinceridade, o respeito, a atenção, a boa educação, entre outras, tem se generalizado, espalhando-se por todos os seguimentos sociais. Não tenho dúvidas em dizer que a nossa sociedade está cada vez mais corrompida no que se refere aos valores morais. Até mesmo entre os grupos mais seletos e mais conservadores verificam se alterações radicais em seus paradigmas.   Alega-se que tudo mudou e que os tempos são outros; e aquele que quiser sobreviver nesse mundo, também precisa passar por constantes transformações. Precisa fazer uma atualização em sua vida e em seu modo de ver, valorizar e sentir as coisas. E é justamente por nos posicionarmos na contramão desses pensamentos que, ortodoxamente, insurgimos com a presente reflexão. Entendemos que de fato precisamos nos atualizar em muitas coisas, mas não dá para fazer o mesmo com todos os nossos valores. Alguns deles são imutáveis para mim.
A verdade, por exemplo, sempre me pareceu ser um princípio de valor universal. No entanto, segundo a legislação brasileira, ainda que relativamente, a pessoa tem o direito de mentir para não se comprometer, produzindo prova contra si. Mentir, nesse caso é um mecanismo decorrente do direito ao acusado de exercer sua defesa. Sendo o exercício de um direito constitucionalmente assegurado, nenhuma pessoa poderia ser condenada no Brasil por tal prática. Até aqui, tudo está bem entendido. Todavia, isso não significa que eu esteja obrigado a mentir para me defender, principalmente porque eu também tenho o direito de dizer a verdade. E entre a verdade e a mentira, na condição de cristãos, entendo que sempre deveremos dizer a verdade. Para nós, não importa o quanto mude a sociedade. Os valores morais cristãos sempre deverão ser preservados.
Nós, cristãos, queremos seguir nas pegadas de Jesus; queremos viver de conformidade com os exemplos que Ele nos deixou em legado perpétuo, porque, ainda que o mundo passe por profundas mudanças, o Nosso Senhor Jesus é imutável. Ele “é o mesmo ontem, hoje e eternamente”, Hb 13:8. E nós também queremos ser como Ele. E é claro que par que isso ocorra, nós teremos que nos transformar. Todavia, nossa transformação não deve ser no sentido de adequação ao mundo, senão que seja aos padrões divinos da perfeição. É nesse sentido o ensinamento paulino. Assim diz ele: (1) Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. (2) E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus, Rm 12:1-2.
A transformação que o homem cristão deve perseguir é aquela que possa aproximá-lo da perfeição divina. Jesus sempre amou a verdade. E se de fato somos seus discípulos, devemos ter em nós “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”, Fp 2:5.
Já caminhando para os seus últimos dias vivendo na Terra como Mestre, preparando um grupo de discípulos para disseminar um novo modo de viver, que estivesse de acordo com os padrões da divindade, Jesus se ocupou de sensibilizar os seus discípulos para a vida que teriam após sua partida. E então disse Ele: (1) Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. (2) Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. (3) E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. (4) Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. (5) Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? (6) Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim, Jo 14:1-6.
A verdade é o oposto da mentira. Se Jesus é a verdade, seu adversário é a mentira. Esse é o entendimento literal das palavras de Jesus, quando se dirigiu a um grupo de pessoas que haviam crido nele: (43) Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. (44) Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. (45) Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. (46) Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? (47) Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus, Jo 8:43-47.
Entre a verdade e a mentira existe um poço abissal. A primeira conduz para a vida, para a libertação, para o crescimento, para o aprimoramento do homem e para a perfeição divina. Já a segunda, encaminha para a  morte, para a condenação, para a infelicidade, para a imperfeição e para a perdição eterna. Esse é o ensinamento bíblico, com grande quantidade de citações, das quais podemos destacar os Salmos 15, que diz assim: “SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração. Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo; A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao Senhor; aquele que jura com dano seu, e contudo não muda. Aquele que não dá o seu dinheiro com usura, nem recebe peitas contra o inocente. Quem faz isto nunca será abalado”.
Meus queridos... Falar a verdade sempre foi um atributo das pessoas de bem. Quantas e quantas vezes eu já tive de dizer para as pessoas que duvidavam da minha palavra: “Companheiro, eu não minto. Eu posso até ficar calado naquilo que não é de alçada, mas se falar, jamais mentirei”. Salomão, em seus ensinos proverbiais disse dele mesmo: “A minha boca proferirá a verdade, e os meus lábios abominam a impiedade”, Pv 8:7.
Aquele que tem por hábito dizer a verdade sempre será respeitado. Diz a tradição que bastava um fio de cabelo do bigode para garantir a palavra de um homem de bem. Eu cresci sendo ensinado por meu pai a sempre dizer a verdade e nas raras vezes que fiquei com medo de lhe dizer a verdade, eu fui castigado com a vara da disciplina para que sempre amasse a verdade e nunca proferisse mentiras. Essa foi a mesma educação que dei aos meus filhos e que hoje é refutada como coisa do passado que não se pode mais conceber.
Meus queridos, não estou dizendo que devam bater em seus filhos, espancando-os, mas que exerça disciplina sobre eles. O senhor e a senhora são os pais do menino. Discipline-o. “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”, Pv 22:6.
A educação dos filhos deve ser feita na forma ensinada pelo profeta Zacarias. Ele diz: “Estas são as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas”, Zc 8:16;
Pais, não deem lugar à mentira. Não mintam para os seus filhos. Não escondam a verdade deles. Por mais dura e cruel que seja a verdade, os filhos tem que conhecê-la, porque é por ela que deverão andar, para que tenham o respeito de todos, para que tenham uma boa jornada pela vida, para que sejam apoiados em suas intervenções e para que possam honrar ao Senhor da Vida.
Eu fico feliz quando escuto um depoimento favorável referente à educação de meus filhos. Certa feita telefonei para o meu pai em Goiânia, Estado de Goiás, onde meu filho mais velho estava estudando e perguntei-lhe: “Pai, como o meu mino está se comportando aí?” E ele me respondeu com alegria: “Menino, meu filho. Fernando é um homem!” E como me emociono ao lembrar dessas palavras. Elas são a resposta para mim de que a educação deve sempre se primar pela verdade e jamais deveremos reprimi-la em favor da mentira, por mais nobres que sejam os motivos.
E aqui eu encerro, suplicando a Deus para que essa mensagem de amor à verdade possa ser recebida em seu coração como um ensinamento de qualidade, para que também se cumpra em sua vida e na vida de seus filhos, a mensagem de Jesus Cristo quando declara: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, Jo 8:32.
Esse é o ensino do Cristo que aprendemos de Cristo e esse é o ensino ao qual ensinamos, “porque”, como diz o apóstolo Paulo, “não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus, 2 Co 4:5.
Que Deus nos abençoe!
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 27/09/2014
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