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O cristão e a política em favor dos pobres

O cristão é alguém muito especial para Deus. É uma pessoa vocacionada para servir ao Criador, em agradecimento por ter sido criado, por ter se tornado gente e, principalmente, por ter adquirido a vida, porque não existe nada melhor do que viver. Ser bem agradecido a Deus e esforçar-se para retribuir o bem recebido é o mínimo que uma pessoa possa fazer, quando o benefício é analisado aos olhos de Deus, conforme retratado em sua Palavra.
Nós servimos a Deus quando servimos ao próximo que tem necessidade de ajuda. O apóstolo João escreveu o seguinte: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?”, 1 Jo. 4:20. O serviço a Deus é feito por meio de uma entrega pessoal aos demais. Cada um de nós é um instrumento divino de amparo a um ou mais necessitados. Não retenhamos a nossa mão em favor dos mais fracos e dos mais humildes, dos pobres e dos carentes do Brasil.
O apóstolo Paulo faz um destaque sobre a atitude dos macedônios e gregos em relação aos pobres de Jerusalém, quando eles decidiram enviar-lhes uma oferta de amor. E esclarece que “isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais”, Rm. 15:25-27.
Salomão, por sua vez, escreve em Pv. 28:27 que “o que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições”, Pv 28:27.
O povo brasileiro acaba de reeleger a atual presidente Dilma Vana Rouseff para governar o Brasil por mais quatro anos, estendendo o governo dos trabalhadores de doze para dezesseis anos. Como igreja, nós oramos pedindo sabedoria a Deus para que soubéssemos escolher o governo que fosse menos pesado para os pobres e necessitados desse país. A eleição aconteceu. A nossa escolha foi realizada. Cabe-nos agora, na condição de cristãos, contribuir com a nossa parcela de apoio para que haja mais justiça e equidade social no Brasil. Que os pobres desse país saibam que há um Deus que está acima de tudo e de todos e que esse Deus é bondoso, é amoroso, é salvador e manda que o seu povo faça a justiça social, pois que, em seu reino, ninguém é melhor do que ninguém e todos devem ter fartura e abundância.
Deus espera que nós, os que já temos alcançado a liberdade que ele nos deu, possamos servir-lhe de instrumento para a libertação daqueles que ainda jazem sob a opressão dos mais fortes. Ele espera que nós sejamos bem agradecidos por termos alcançado tamanha graça e que possamos nos dispor para a promoção da mesma graça a todos os demais. “Porque Deus não quer que algum se perca”, senão que todos cheguem ao conhecimento da verdade e se salvem e não se deixem escravizar novamente e que vivam na liberdade que Ele lhes deu.
Quanto ao cristão ser bem agradecido, a Bíblia diz que certa vez Jesus atendeu ao pedido de dez leprosos que clamaram por sua misericórdia. E então mandou que eles fossem se mostrar ao sacerdote. E eles se foram. No caminho, percebendo que estava livre de sua lepra, um dos homens voltou até Jesus dando glórias a Deus e se prostrou aos seus pés, agradecido pelo bem que havia recebido, a cura de sua lepra. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?, Lc. 17:17.
Meus queridos... É muito importante que sejamos bem agradecidos quando recebermos algum benefício. É muito importante não virarmos as costas para aquele que se compadeceu de nós. É isso o que a história bíblica registra nesse episódio. Deus espera que os homens sejam bem agradecidos pelos bens que recebem diariamente, não importa de quem os tenhamos recebido. Se tivermos a nossa necessidade atendida, agradeçamos tantas e tantas vezes, tanto quanto for a gratidão de nosso coração. A falta de agradecimento irrita ao Senhor da Glória.
Vejamos o caso do rei Ezequias, narrado em 2 Cr. 32:25, quando adoeceu mortalmente e orou ao Senhor por sua vida e saúde, o qual lhe falou e lhe deu um sinal para que reconhecesse que seu pedido fora atendido. A Palavra diz que “não correspondeu Ezequias ao benefício que lhe fora feito; porque o seu coração se exaltou; por isso veio grande ira sobre ele, e sobre Judá e Jerusalém”.
Quantos sofrem pelas consequências de sua ingratidão! Quando se encontram em situação difícil, clamam pela misericórdia e pela ajuda; mas quando se veem atendidos, exaltam-se, esquecem-se de que foram e de como foram beneficiados e começam a contar vantagens dizendo que, por si, pelo seu esforço, pelo seu trabalho, pelo seu isso e pelo seu aquilo fez isso, conseguiu aquilo e que não deve nada a ninguém.
Meus irmãos... Deus não nos dá mais do que necessitamos para que nós esbanjemos em deleites e prazeres; para vivermos bem, sim; para esbanjarmos, jamais! Devemos saber que o mesmo Deus que nos deu, também pode nos tirar. E se Ele nos deu mais é para que nós também possamos ter para mais para darmos ao nosso próximo. Ao que pensa o contrário e que acredita que aquilo que recebeu a mais do que necessitava é para guardar em depósito, para que viva sossegado por muitos anos, o próprio Deus Unigênito faz o alerta: “Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”, Lc. 12:20. “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?”, Mt. 16:26.
O Brasil precisa de Deus e Deus precisa de nós para ajudar o Brasil. Este é um país de muitos contrastes, sendo que um dos maiores se verifica na disparidade da distribuição da riqueza, quando alguns poucos têm muitos e muitos bens e a grande maioria não tem praticamente nada. Estamos muito longe de termos uma igualdade social, pois aqueles que mais têm, são também os que menos querem contribuir para a busca da igualdade.
A riqueza brasileira resiste a todas as tentativas de sua desestabilização. Reportagem da revista Exame sobre estudo feito por pesquisadores da UnB, divulgado agora em agosto, apontam que no período 2006 a 2012, a renda apropriada pelo 1% mais rico da população ficou estável em cerca de 25% do total nacional. Só os 0,1% mais ricos ficaram com 11%. Já a renda total dos 5% mais ricos, aqueles que ganham mais de R$ 57,6 mil por ano, subiu de 40% em 2006 para 44% em 2012. O trabalho é assinado por Fabio Ávila Castro, Marcelo Medeiros e Pedro H. G. F. Souza, estes dois últimos também pesquisadores do IPEA (Disponível em: http://exame.abril.com.br/topicos/distribuicao-de-renda. Acesso em: 27 out. 2014)
A verdade é que, quanto mais se tem, mais se quer. A luta de classes em busca de uma equidade na distribuição da riqueza é milenar, dificilmente será alcançada. Não é por acaso que Jesus confirmou isso em sua declaração sobre os menos favorecidos. Disse ele: “Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes”, Mc. 14:7.
Todavia, não seja porque sempre haverá pobreza que haveremos de nos omitir na luta para combatê-la, visando a minimização das desigualdades sociais no país em que vivemos. Lutar contra todas as formas de injustiça é um dever de todos. Essa é uma causa abençoada por Deus e que deveria ser encampada por todos os cristãos, com ânimo e disposição e não com coração cheio de avareza, de ganância e de preguiça. Diz a Bíblia que a justiça daquele que espalhou e deu aos pobres, permanece para sempre, 2 Co. 9:9.
O estudo da UnB noticiado pela revista “Exame”, mostra que a minoria rica resiste firme à distribuição da renda de forma mais igualitária, continuando altaneira no topo da pirâmide social e ignorando a pobreza que grassa pelo Brasil de um modo geral. E como estratégia de combate, vem tentando de todas as formas reconquistar o poder sobre o Estado, para diminuir as forças da resistência social encabeçada pelos trabalhadores e intelectuais brasileiros.
É muito importante que o povo de Deus esteja alerta e bem esclarecido sobre o alvo principal de nossa luta. Não lutamos contra pessoas, lutamos contra ideias; a luta não é contra a carne, mas contra a mente. Aquele que controlar a mente controlará todo o corpo. Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo registra que nossa luta é “contra os principados e potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade”, Ef. 6:12.
A ideologia dominante nesse país é tão intensa e voraz que consegue fazer com que o pobre pense que é rico, que o fraco pense que é forte e que o dominado creia que é dominante. Ah, se o boi soubesse a força que tem! Como pode o povo de um país, que tem a maioria dos seus vivendo na miséria e na pobreza, brigar para que o poder conquistado pelos mais fracos, a duras penas, retorne novamente aos mais poderosos? Que alienação perversa é essa, meu Deus!
De onde virá o socorro para essa gente? A Bíblia diz: O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra. Sl. 121:2.
Deus é o socorro dos pobres. Porque o necessitado não será esquecido para sempre, nem a expectação dos pobres perecerá perpetuamente, Sl. 9:18. E nós somos as mãos de Deus. E enquanto o dia do Senhor não chega para os pobres, o que devemos fazer nós, os que já logramos obter a libertação? É Paulo que nos orienta. Diz ele: Não useis da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor, Gl. 5:13.
A eleição já aconteceu. O Brasil já tem o seu governo estabelecido para os próximos quatro anos, um governo que tem se caracterizado por sua ação em favor dos excluídos, dos mais fracos e dos mais pobres. É possível que a equipe governamental tenha cometido erros em seu percurso. Isso não é nenhum absurdo. Não há deuses no governo da Terra; há homens! E os homens são falhos! E os homens erram! “Aquele que nunca cometeu pecado, que atire a primeira pedra”, Jo 8:7.
Todavia, se existem erros no governo, é certo que precisam ser revelados, analisados e corrigidos. Jamais devemos compactuar com as coisas erradas, principalmente se tivermos consciência de que estão erradas. E também devemos corrigir nossos próprios erros. É com esse espírito que se avança e se cresce e se transforma alguma coisa ruim em coisa boa. É muito fácil atirar pedras nos outros, mas é muito difícil remendar uma vidraça quebrada. Assim, antes de querermos destruir o trabalho de alguém, lembremo-nos das dificuldades que se têm para fazer uma construção. Quantos querem construir e não conseguem! A luta do governo atual contra as desigualdades é uma boa luta, merece o nosso apoio e as nossas orações. O governo quer dar mais educação, mais moradia, mais comida e mais dignidade para os menos favorecidos do Brasil. Esse também é o projeto de Deus para a humanidade e, portanto, esse também deve ser o projeto cristão de vida.
Não andemos pela cabeça dos outros. Sejamos como os crentes de Beréia. Sempre que ouvirmos alguma acusação contra alguém, antes de sairmos disseminando a notícia, façamos uma profunda investigação para saber se as coisas são realmente do jeito que nos falaram. Façamos como Lucas, o qual, antes de escrever suas obras, realizou acurada pesquisa sobre os fatos ocorridos. O crente não é um fofoqueiro, um disseminador de disse-me-disses. O crente é um estudioso e um aplicador da Palavra de Deus.
E então é isso. Se alguma dúvida ainda existe, que Deus possa nos ajudar a dissipá-la.
E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos, Cl. 3:15. Amém!
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 27/10/2014
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