Uma nova visão de mundo
“Holístico vem do grego “holos”, que significa totalidade; é a compreensão da realidade a partir de totalidades integradas que não podem ser reduzidas a unidades menores” .
Não há dúvida de que a compreensão do mundo seja polissêmica, quando se pensa em leituras globalizadas e especializadas. Uma é a leitura do todo e outras, bem diferentes, são as leituras das partes, ainda que a leitura destas, quando o todo possibilitar a dissecação, possa contribuir para uma ampliação exponencial do todo, quando também possível for a reintegração das partes examinadas ao todo original.
A visão cartesiana/newtoniana do mundo segmentado em zilhões de partes, em que cada qual torna-se objeto de estudo especializado lato e stricto senso, ainda que contextualizada histórica e contemporaneamente, já não é suficiente para a compreensão do atual mundo globalizado, síntese dos mundos individualizados de todos os tempos. Hoje se requer uma visão também globalizada, capaz de compreender o significado do todo em que todos nós existimos.
É certo que a visão globalizada é menor do que o somatório das divisões do todo em partes, mas o homem não vive nas partes. Seu solo é o todo, do qual, para nele viver, necessita de acurada compreensão. Assim, havemos que empregar esforços para evoluirmos da visão cartesiana/newtoniana para a visão holística globalizada, ainda que sem desprezar aquela, posto que continua sendo necessária para a promoção do desenvolvimento da ciência, que suscitará novos trabalhos, novas tecnologias e novos acréscimos culturais a serem integralizados pela humanidade e pelo mundo globalizado.
Exportando a ideia da necessária visão holística, para o campo educacional e, mais especificamente, para o trabalho pedagógico escolar, vemos que a forma fragmentada disciplinar, atualmente utilizada, igualmente, já não serve de paradigma para a aquisição do conhecimento historicamente acumulado pelas gerações passadas, com vista à transformação do mundo atual em um lugar melhor para se viver. Também precisamos avançar nessa área.
O mundo globalizado exige um conhecimento globalizado. A divisão do trabalho pedagógico em disciplinas pode contribuir e contribui para a aquisição do conhecimento especializado de cada uma. Mas isso não basta. Da mesma forma que o todo foi aberto em partes para ser mais bem compreendido, faz-se necessário fechá-lo, integralizando-o outra vez. A educação tem feito a abertura do todo, mas não tem realizado o fechamento. E com essa forma de atuar, não tem alcançado êxito em fazer com que o universo de conhecimentos adquiridos pelos estudantes, possa convertê-los em agentes de transformação, pelo fato de que eles não conseguem trabalhá-los para criar novas tecnologias que façam do mundo um lugar melhor para viverem. Destarte, parece-nos que tal aprendizado esteja se apresentando como despido de concretude.
A proposta educacional brasileira prevista nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais prevê que o trabalho escolar seja realizado por meio de quatro áreas de conhecimento, quais sejam: Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza, e Matemática. A divisão em áreas, ainda é um processo fragmentário, mas já seria um avanço em relação à divisão por disciplinas, ainda mais que a referida proposta curricular prevê que as quatro áreas do conhecimento atuem em interdisciplinaridade, de forma que a compreensão e transformação do todo seja o objetivo mediato do trabalho pedagógico escolar.
Por outro lado, o trabalho interdisciplinar e através de áreas do conhecimento não significa necessariamente um rompimento absoluto com o trabalho disciplinar. Pelo contrário, além de ofertar o conhecimento especializado da disciplina afim, o educador também ofertará sua contribuição para alcançar o objetivo da área de estudo.
Conclui-se que, esse trabalho voltado para a compreensão do todo, enquanto todo, aliado à interdisciplinaridade, deverá proporcionar a apropriação útil do conhecimento historicamente construído pelas gerações passadas, de forma que sirvam para promover a transformação do mundo atual em um lugar melhor para todos.
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 13/12/2014