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A mensagem de despertamento
A mensagem de despertamento

Izaias Resplandes de Sousa

É importante relembrar as coisas boas que recebemos. Parece que nós somos mais propensos a relembrar as coisas ruins e a esquecer das boas. Às vezes, até lembramos de alguma coisa boa, mas vamos introduzindo tantas alterações nelas, que acabamos por deturpá-las.
O apóstolo Pedro registrou em sua segunda carta, uma interessante instrução. Assim diz ele:
Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, PROCURO DESPERTAR COM LEMBRANÇAS A VOSSA MENTE ESCLARECIDA, PARA QUE VOS RECORDEIS DAS PALAVRAS QUE, ANTERIORMENTE, FORAM DITAS pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos, tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. PORQUE, DELIBERADAMENTE, ESQUECEM que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios. HÁ, TODAVIA, UMA COISA, AMADOS, QUE NÃO DEVEIS ESQUECER: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. 2 Pedro 3:1-8.
A intenção, neste momento, não é abordar a essência dessa mensagem de Pedro, mas, tão somente, destacar os fundamentos dela. Destaco quatro frases: 1) Procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida (v. 1); 2) Para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas (v. 2); 3) Porque, deliberadamente, esquecem (v. 5); e, 4) Há, todavia, uma coisa, que não deveis esquecer (v. 8).
Quanto à mente esclarecida, é de observar que nós aprendemos muita coisa ao longo de nossa vida; algumas, colocamos em prática por toda a existência e, dificilmente nos esquecemos delas; outras, praticamos por um tempo e, depois, deixamos de fazê-lo, delas nos esquecendo; algumas outras, esquecemos mais rápido, pelo fato de nunca tê-las colocado em prática. Aliás, neste particular, costumo dizer que se nunca colocarmos algo em prática, jamais saberemos se, de fato, o aprendemos, pois o aprendizado se consolida na prática. Normalmente, o que não é praticado, talvez seja porque não foi aprendido. De qualquer forma, se foi aprendido, ou não, mas se não está sendo praticado, dificilmente foi incorporado na nossa vida, de forma a poder contribuir para o nosso crescimento. Ter a mente já esclarecida significa que o assunto tratado já foi visto anteriormente. Se já foi visto, porque vê-lo de novo?
A segunda frase responde à pergunta anterior dizendo que a razão da repetição é para que se possa recordar das palavras anteriormente ditas. E podemos acrescentar que não são apenas palavras que devem ser lembradas, mas principalmente ações e bons exemplos. Tem pessoas que praticamente não falam, mas que fazem demais, nos mostrando como é que se deve fazer. E quando vamos fazer o despertamento, talvez seja mais importante lembrar dessas ações e exemplos, do que, propriamente das meras palavras. A mensagem das palavras é mais difícil de compreender do que a mensagem das ações. Certa vez, Jesus respondeu às dúvidas de Filipe da seguinte maneira:
Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.
Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.
Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. João 14:10-12.
É de observar nessa mensagem de Jesus, uma ênfase maior na realização das obras. Um discurso desassociado de obras, às vezes, é muito difícil de ser compreendido. Mas, quando vem acompanhado das ações que o corroboram, tudo fica mais claro e mais compreensível. E Jesus enfatiza esse olhar para as obras que dão o suporte para a mensagem discursiva. Dessa forma, entendo que ao fazermos a nossa mensagem de despertamento para pessoas com as quais convivemos ou mantemos alguma espécie de comunhão, tudo ficará mais fácil, se corroborarmos a nossa mensagem com exemplos reais a respeito do que estamos falando. E será ainda melhor, se os exemplos dados forem resultantes de nossas próprias experiências. Quantas vezes ouvimos lindas e bem elaboradas mensagens, mas que são de pouca serventia para nós, porque não passam de devaneios e teorias não vividas e não experimentadas pelo mensageiro! Assim, devemos relembrar as palavras já ditas, mas principalmente as ações e exemplos ancorados nelas.
A terceira frase evidencia a rapidez com que esquecemos das coisas já vistas. É interessante de se ver, que algumas coisas que ouvimos, por serem tão inúteis, teóricas e fictícias, nós  temos pressa em descartá-las para desocupar o espaço. Eu confesso que, às vezes, descarto uma mensagem antes mesmo dela ser concluída. Faço isso quando percebo que o emissor está tentando falar do que não tem conhecimento, do que não pesquisou e do que não viveu; faço isso quando percebo que o mensageiro está apenas enchendo linguiças; faço isso quando a mensagem do pregador que conheço muito bem, não tem nada a ver com ele e com o que faz em sua vida diária. Eu costumo dizer que a vida e obra do mensageiro fala tão alto, que me impedem de ouvir a sua mensagem falada. Neste caso, eu esqueço porque quero esquecer.
É de esclarecer que não esquecemos rapidamente apenas das mensagens dissociadas da prática do mensageiro. Às vezes, a gente não quer ouvir mais uma mensagem, justamente porque o mensageiro nos confronta com a sua prática e o seu exemplo, em relação a coisas que nós não praticamos, porque entendíamos e defendíamos com nossos discursos, que eram impraticáveis. E então, quando a nossa casa fictícia começa a cair, nós também ficamos com pressa de cair fora. Não queremos continuar ouvindo, porque aquela mensagem tão dura é sobre nós. Ansiamos para que tudo termine e possamos nos retirar e esquecer o dito dia. Certa vez, Jesus fazia uma mensagem assim e levou muitos discípulos a abandoná-lo, porque consideravam o discurso dele como algo muito duro de ouvir. Assim é o registro:
Ele disse estas coisas na sinagoga, ensinando em Cafarnaum. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não creem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido. Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? João 6:59-67.
Tem um ditado popular que diz: “é melhor só do que mal acompanhado”. Às vezes, eu acho que esse é um caso para se pensar.
A quarta frase destaca que existem coisas que não devemos esquecer. E não devemos mesmo. São aquelas lembranças maravilhosas de feitos, de benefícios, de graça, de amor, de ternura, de carinho, de respeito e tantas coisas mais.
Não podemos esquecer que Jesus, o Deus Filho unigênito, se fez carne, se fez homem e assumiu as nossas dores, as nossas enfermidades e os nossos pecados, por amor a nós. Ele ofereceu a sua vida em prol da nossa. Não porque merecíamos, mas, apenas e tão somente, por causa de seu grande amor por nós, como registra o apóstolo Paulo:
Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos 5:8.
O apóstolo Pedro dizia que sua mensagem de despertamento era para que, entre tantas coisas, o mandamento do Senhor, ensinado pelos apóstolos, não fosse esquecido. E isso continua valendo por toda a vida, porque a mensagem é para toda a vida. Jesus disse tantas coisas. Vamos destacar duas:
Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. João 13:34.
E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Lucas 22:19.
Jesus nos amou ontem, nos ama hoje e nos amará eternamente. Ele deu sua vida por nós, por conta disso. E então ele nos pede para nos amarmos como ele nos amou e também para celebrarmos a sua morte, em sua memória. Como isso é feito?
Bem, nós achamos que estamos fazendo isso, nos reunindo para a celebração que chamamos de Ceia do Senhor, uma vez por semana, mês ou ano, conforme a localidade. E então, nessas ocasiões, nos despertamos, cantando hinos de adoração, lendo passagens que falam sobre a morte de Jesus, entre outras coisas que julgamos oportunas. Será que foi isso que Jesus quis dizer?
É de ver que Jesus deu sua vida para que pudéssemos viver. A vida é o centro da mensagem dele, em palavras e obras, começando aqui da Terra e continuando pela eternidade afora. Jesus não queria pessoas passando fome aqui na Terra. Nunca quis. Ele criou um planeta fantástico e nos deu alimento para comermos da largura da boca, até supitar pelos narizes. E tanto não queria gente passando fome, que fez duas multiplicações de comida, alimentando multidões que só estavam atrás dele por causa de comida; e depois de alimentá-las, mandou que se recolhessem até as migalhas, para que nada se perdesse. Jesus não é o Senhor da fome; é o Senhor da barriga cheia, que veio ao mundo “comendo e bebendo”. Ele é o Deus que nos manda pedir ao “Pai nosso, que está nos céus, o pão nosso de cada dia”. Quase sempre nós levamos palavras em nossas mensagens, mas os nossos receptores querem comida e não palavras. Diz um provérbio português que “palavra bonita não enche barriga”.
O apóstolo Tiago disse:
Se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano,
e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Tiago 2:15-16.
A nossa mensagem ajuda a acalmar as barrigas vazias, ou fazem os estômagos roncarem mais alto? Creio que temos que pensar nisso.
Jesus também não queria pessoas enfermas. Quando estava aqui, ele curou os enfermos e, ao partir, enviou seus discípulos a continuar fazendo isso quando andassem pelo mundo. Vejamos o registro:
Convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, para curarem enfermidades. E enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos. Lucas 9:1,2.
Quero crer que esses dois pontos já servem para enfatizar o interesse de Jesus pela vida saudável e de barriga cheia. Por que será que ele disse:
O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. João 10:10.
Não é de se entrar em devaneios sobre a teoria da prosperidade, mas, sim de falar de uma vida mais concreta e mais real, desejada por milhares de milhares, que é a vida de barriga cheia e com saúde, em oposição à vida de fome e doentia que grassa não apenas pelo mundo afora, mas, muitas vezes, em nossa própria casa, no seio de nossa própria família e que, nem sempre, é capaz de nos incomodar.
E aqui, creio que já podemos caminhar para o fim dessa reflexão. Honramos a Jesus quando fazemos o que Ele nos manda fazer.
Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. João 15:14.
Todas as almas, todos os filhos, todos os homens pertencem a Ele. Mas, ele tem dado a cada um de nós a missão ser guardador de alguns. De quantos? De tantos quantos formos capazes, sem que isso seja um fardo pesado para carregarmos. Jesus disse que seu fardo é leve. Eu diria que a nossa missão de guardador, protetor e supridor começa em casa. “Se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”, 1 Timóteo 5:8.
Nós estamos atento às necessidades básicas de nossa família nuclear, formada por “pai, mãe e filhos”, ou comemos filé e eles, “o pão que o diabo amassou”? Tem muitos filhos amaldiçoando seus pais e pais aos seus filhos, por falta de atenção. Sabedoria!                                                                                                                                                  
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 25/03/2022
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