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O poder da união familiar
O poder da união familiar

Izaias Resplandes de Sousa

Ainda que possamos dizer que não é assim, os fatos humanos na história registram que o homem, de um modo geral, sempre buscou obter o poder, usando das mais diferentes formas e através de todos os meios e recursos disponíveis, o que já se pode vislumbrar desde os tempos em que ele vivia no Éden.

Adão e Eva, seguindo a orientação do Diabo encarnado na antiga serpente, desejam obter o poder de serem como Deus.

Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Gênesis 3:1-6.

Antes disso, registra-se que o próprio Diabo teve um desejo semelhante, o qual foi registrado pelos profetas.

Rei da Babilônia, brilhante estrela da manhã, você caiu lá do céu! Você, que dominava as nações, foi derrubado no chão! Antigamente você pensava assim: “Subirei até o céu e me sentarei no meu trono, acima das estrelas de Deus. Reinarei lá longe, no Norte, no monte onde os deuses se reúnem. Subirei acima das nuvens mais altas e serei como o Deus Altíssimo.” (Isaías 14:12-14).

Creio ser bem comezinho que o homem sempre desejou ter o poder, para, por meio dele, tornar concreto os seus desejos, principalmente de dominação de seus pares. Mas tanto o poder como qualquer outra coisa pode ser algo bom, dado que não é “a coisa”, mas o uso que se faz dela, que a torna ruim.

Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças. Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada. 1 Timóteo 4:4,5.

Assim, não é ilícito que o homem busque o poder, desde que faça um bom uso dele. O próprio Jesus concedeu poder aos seus discípulos quando os enviou em missão:

Havendo Jesus convocado os Doze, concedeu-lhes poder e completa autoridade para expulsar todos os demônios, assim como para realizarem curas. Igualmente os enviou para proclamar o Reino de Deus e curar os doentes. Lucas 9:1-2.
E por aí vai. Mas, nossa pretensão não é a de abordar tudo sobre o poder e seu exercício. Não! Nosso foco de interesse consiste em demonstrar que, dentre todas as manifestações do poder, há uma que se encontra ao alcance de todos e que se manifesta através da união de duas ou mais pessoas. Na verdade, quanto mais pessoas se unirem para obtê-la, mais extraordinária será a sua força.

Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. Salmos 133:1.

O solitário pode ser forte, mas ele não tem olhos nas costas. E não tem como vigiar quando estiver dormindo. O solitário não tem com quem dividir as tarefas e, por isso, trabalha até quando deveria estar descansando. Mas poderia ter, este e muitos outros benefícios, caso tivesse um parceiro para estar, trabalhar e lutar ao seu lado. Juntos na peleja, um guardaria as costas do outro, dentre muitos dos tantos benefícios possíveis. Um dos comandos para a luta de espadas é os parceiros ficarem um de costas para o outro. O Eclesiastes nos mostra as vantagens da parceria.

Há um que é só, e não tem ninguém, nem tampouco filho nem irmão; e contudo não cessa do seu trabalho, e também seus olhos não se satisfazem com riqueza; nem diz: Para quem trabalho eu, privando a minha alma do bem? Também isto é vaidade e enfadonha ocupação. Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa. Eclesiastes 4:8-12.

Meus queridos. É cediço que “a união faz a força”. Devemos nos esforçar para estarmos juntos, para convivermos, para não nos isolarmos. Por mais difícil que seja obter um relacionamento perfeito, essa é uma luta que vale a pena travar. Às vezes, o isolamento é necessário, mas essa não é a regra do sucesso. Uma pessoa sozinha é como se fosse um membro do corpo agindo de forma isolada. E nisto, já sabemos que reside uma grande possibilidade de fracasso para qualquer empreendimento. O agir como corpo é um agir superior. E é por essa forma de agir que devemos envidar os nossos esforços, porque essa, sim,  poderá otimizar as possibilidades de sucesso para nossas ações. Vejamos como funciona o corpo, segundo o relato paulino:

O corpo não é um só membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo? E se a orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do corpo? Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo. E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra. Porque os que em nós são mais nobres não têm necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela; Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 1 Coríntios 12:14-26.

É claro que o primeiro corpo que conhecemos foi o familiar. E ele é a base de tudo. Mas, embora a família comece com a união de duas pessoas, ser família vai muito além desse simples fato. Ser família é conviver. Ter o mesmo sangue e a mesma origem biológica não quer dizer nada. Muitos que têm esses requisitos parecem não ser da mesma família, posto que, às vezes, se distanciam, vivem separados uns dos outros, não sabem o que ocorre com cada um, se está bem ou mal, se está alegre ou triste… Isso pode até ser caracterizado como família, mas, na verdade, não creio que foi esta a ideia que Deus teve quando criou essa instituição, como fica bem claro em sua declaração motivadora: “não é bom que o homem esteja só”. Gn 2:18.
Por outro lado, há pessoas que são de origens biológicas diferentes, mas que formam um belo modelo familiar; estão juntas, uma é o socorro da outra, com quem faz a divisão das tarefas e das responsabilidades da convivência, conforme seja o talento e a vocação de cada qual. E quando viajam sozinhos, por qualquer motivo que seja, vão se comunicando, informando, compartilhando dados, informações, conhecimentos, alegrias, tristezas, frustrações e sucessos. Na vida familiar, um sempre está a serviço do outro.

“Que maravilha é ser uma família!”

Não gostaria de viver como se não estivesse a serviço de ninguém. Eu queria ser sempre uma família, para quem eu dedicaria a minha vida, o meu trabalho e tudo o que eu pudesse. Eu me esforcei até aqui, para ser uma família pelo menos com minha esposa, meus filhos, noras e netos. Infelizmente, nem mesmo nisso eu consegui ter sucesso. Na maior parte do tempo, minha esposa e eu levamos uma vida familiar de duas pessoas, ela e eu.

Nossos filhos cresceram e se separaram de nós. Foram em busca da construção de suas própria famílias ou de trabalho. Às vezes, eles aparecem, mas é às vezes. Às vezes eles também telefonam, mandam mensagens, fazem chamadas de vídeo, enviam fotos, mas isso também é às vezes. Apesar de ser assim, creio que isso poderia ser diferente, se todos nós desejássemos ser, antes de tudo, uma só família e que não nos descuidássemos tanto uns dos outros.

Creio que deveríamos passar juntos pelo menos as datas mais importantes. Mas, às vezes, nem nos lembramos dessas datas. E aí ficamos devendo o carinho do abraço hiper mega, da cantoria desafinada, do almoço ou jantar especial. E aí também faltará o sorriso, a alegria e a felicidade, de um modo geral.

Os membros de uma família não precisam de muita coisa para serem felizes, mas precisam muito do pouco que é necessário. Não podemos deixar que os familiares nasçam, cresçam e morram sem, no mínimo, sabermos quem são eles. As lembranças são boas e nós precisamos cultivá-las. Mas precisamos de convivência para termos as lembranças. Como se lembrar do que não se viveu e de quem não se conheceu?

Ser parente é ser convivente. Que Deus nos abençoe e nos ajude a ter sucesso em nosso empreendimento familiar, para que não sejamos divorciados das pessoas que formam os alicerces da nossa vida. Amém!

Casa do Lago, 27/11/2022.
Prof Izaias Resplandes
Enviado por Prof Izaias Resplandes em 11/12/2022
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